23 Nov 2007

Sai um micróbio prá mesa do canto

Fernanda Câncio, a putativa esposa do senhor primeiro-ministro julga-se por cima de todos.
É provável que goste da posição.
E vai daí hoje , acha-se naturalmente autorizada a insultar os juízes dos tribunais de Trabalho e da Relação sobre o acórdão que os mesmos proferiram no chamado caso do cozinheiro.

FC não consegue compreender que um Juiz decide mediante o que vem no processo, e lá muito bem escrito vinha que não há uma certeza a 100% de que não se possa transmitir o vírus através de sangue, suor ou lágrimas.

FC não consegue compreender que uma coisa é um indivíduo com SIDA a trabalhar num escritório outra é um cozinheiro a trabalhar directamente sobre o salpicão de que ela gosta.

Eu, já o disse noutros sítios, se soubesse que um restaurante tinha ao seu serviço um empregado com uma doença contagiosa, não punha lá os pés.

Quem é que quer ir jantar a um lugar onde trabalha um indivíduo com uma tuberculose com SIDA ou com outro virus qualquer contagioso ?
Provavelmente só a FC.
Agora acontece que ela deseja que o cozinheiro cuspa na sopa do Juiz.
Eu por mim, só desejo que ela depois de comer uma salada feita por um doente com SIDA não chore lágrimas de sangue.

10 comments:

Saulus Lupus Lunae said...

Fado, gosto muito das coisas que escreve, mas desta vez está um tanto ou quanto enganado. Procure informar-se sobre as formas de transmissão do virus do HIV. Não compare alhos com bogalhos, HIV com turbeculose, Bacilos e vírus. Outra coisa, o HIV tem formas concretas de transmissão, e não pense que, por comer num restaurante onde existe um funcionário seropositivo, vai acontecer alguma coisa de errado consigo ou vai estar sujeito a um perigo eminente. Sabe, como o HIV não tem rosto, você nem imagina a quantidade de pessoas que, provalvelmente, já entrou em contacto e que são portadoras do vírus do HIV/Sida (que, segundo parece, ainda não está provada a relação entre ambas. Mas vou seguir pelas terminologias dos experts). E não está infectado de certeza. Não seja radical. Acredito que o receio ainda paire sobre a mente das pessoas, mas há que desmistificar, procurar ter conhecimento dos factos. Só depois de se encarar a Sida como uma doença crónica e não como uma pestilência, é que os seropositivos poderão ser tratados dignamente.
De qualquer forma, obrigado por partilhar o seu ponto de vista com a "gente".
Bom Fim de Semana.

Anonymous said...

Questão muito complicada , esta.
Se por um lado me parece desumano discriminar uma pessoa por uma doença que não se transmite assim tão fácilmente , por outro , a verdade é que a profissão de cozinheiro é propicia a cortes e ferimentos e ninguém me pode assegurar da consciência do doente : se é cuidadoso e perante um risco, mesmo mínimo , manda tudo para o lixo , ou serve-o?

fado alexandrino. said...

Muito obrigado.
O que está aqui em causa é a profissão da pessoa (cozinheiro com propensão a cortes) e não a doença em si.
Ninguém poderá garantir que a possibilidade de contágio, neste caso particular, é zero, logo ...
Se ele se tivesse identificado como infectado e solicitado a colocação noutro lugar, provavelmente seria atendido, e se não o fosse o tribunal ia dar-lhe razão.
Assim, fez tudo ao contrário e os resultados estão à vista.
De qualquer maneira o que se queria ressaltar é a maneira como alguns jornalistas entendem que podem insultar os outros.

fado alexandrino. said...

Está aqui a decisão do Tribunal.

Anonymous said...

Só é pena que a preocupação com os "micróbios" não se alastre às de roulotes e banquinhas que por este país fora se observam a cada canto. Por serem inesistentes, nem se podem avaliar as condições de salubridade.
Este país é estranho. Nuns casos pode-se trabalhar até cais para lado, noutros estar doente é causa de despedimento. Enfim, desde que não seja para ir para reforma ....~

Anonymous said...

Não li o tal artigo da dita cuja, mas já li outros da mesma fonte e a sensação que me tem ficado é que a propriedade da verdade absoluta e a arrogância se pegam por encosto...
Ficam-lhe muito bem esses sentimentos, mas que vá ela comer a paparoca feita pelo tal cozinheiro. Ela é que tem certezas, ela é que sabe de saber seguro...

Saulus Lupus Lunae said...

Caro Fado, a Vírus VIH morre se entrar em contacto com o meio ambiente. Portanto, e se houvesse cortes, não haveria problema. Caso isto não acontecesse, seria necessário que o sangue do dito funcionário entrasse em contacto com o de outra pessoa. Tinha que haver "cortes em massa"...
Mas num país de preconceito, quiça a solução que sujeriu fosse a mais educada. Agora pergunto, e mesmo no desempenho doutra função que não a de cozinheiro, a ignorância e o medo não levariam a que os responsáveis do dito restaurante quisessem despedir o senhor?

fado alexandrino. said...

Muito obrigado.
O artigo da senhora está linkado no apontamento.

Saulus Lupus Lunae disse...
Sim, concordo.
Um restaurante não é a mesma coisa que uma biblioteca.

Saulus Lupus Lunae said...

Fado, imagino que argumentos esquesitos não iriam faltar eh, eh, eh....

Duca said...

É um facto que os juízes decidem consoante os elementos de prova que existem no processo. Provavelmente não tiveram acesso a este documento:
http://www.ifst.org/uploadedfiles/cms/store/ATTACHMENTS/HIV&foodhandler.pdf
De qualquer modo, em caso de dúvida, não havia necessidade de despedir o trabalhador pois, em minha opinião, poderia ter sido colocado noutra função.