29 Nov 2007

Good evening - Goeienaand


Saulus Lupus Lunae disse...

…. e o que interessava era criar estados brancos em África, à semelhança do que os britânicos fizeram na África do Sul?



Quando li esta frase fiquei estarrecido.
Mas depois percebi que após o glorioso 25 de Abril foi ministrado um conveniente ensino que aproveitando os ensinamentos dos vários livrinhos vermelhos ensinou a ver, em vez da História, estórias muito convenientes.
Aliás, se nos detivermos um pouco no concurso que a RTP agora transmite verificamos que é mais oportuno ensinar às criancinhas para que serve o contentor amarelo do que dizer-lhes que já tiveram grandes heróis que desbravaram Mundos.
Acredito que dentro de duas gerações não vai haver um Português que saiba quem foi o Vasco da Gama e se mesmo assim ainda houver alguém que tenha essa curiosidade, logo lhe vai ser dito que era um senhor colonialista que foi pôr em desacato povos que estavam muito sossegados.

Voltando à questão inicial, e pedindo desculpa de copiar e por além disso ser extenso transcrevo uma entrada na Wikipédia.

A África do Sul foi “descoberta” por Bartolomeu Dias que, em 1488, aportou à Ilha Robben, ao largo da actual Cidade do Cabo, na sua abortada viagem para a Índia. A ilha foi, durante muitos anos, utilizada por navegadores portugueses, ingleses e holandeses como posto de reabastecimento e, como nessa época, a região era habitada por povos Khoisan, Xhosa, Zulu e vários outros, em 1591 um grupo de Khoikhoi, cansados das práticas comerciais desleais dos europeus, atacou a Ilha Robben. Como não tinham nada que superassem as armas de fogo dos europeus, foram derrotados e deixados na ilha sem comida, nem água. Estes foram os primeiros prisioneiros da Ilha Robben.


Em
6 de Abril de 1652, Jan Van Riebeeck, da Companhia Holandesa das Índias Orientais, promoveu a colonização da região e fundou a Cidade do Cabo no extremo sul do continente, no sopé da Montanha da Mesa.
Durante os séculos
XVII e XVIII, a Colónia Holandesa do Cabo viu chegar e instalarem-se calvinistas, principalmente dos Países Baixos, mas também da Alemanha, França, Escócia e doutros lugares da Europa. Estes calvinistas não conseguiram “disciplinar” os khoisan para as suas actividades agrícolas e quase os exterminaram nas guerras conhecidas como “Guerras do Desconhecido” (“Cape Frontier Wars”). Então, começaram a importar escravos da Indonésia, de Madagáscar e da Índia. Os descendentes destes escravos e dos colonos passaram a ser mais tarde conhecidos como “malaios do Cabo” (“Cape Coloureds” ou "Cape Malays"), chegando a constituir cerca de 50% da população da Província do Cabo Ocidental.


Os ingleses ocuparam a
Cidade do Cabo em 1795, durante a Guerra Anglo-Holandesa. Depois de breve período de domínio holandês entre 1803 e 1806, a cidade tornou-se capital da colónia britânica do Cabo.
Com a
abolição da escravatura em 1835, levantou-se uma disputa sobre a compensação que o governo britânico devia dar aos colonos pela libertação dos escravos e então muitos deles – que passaram a ser conhecidos como “Voortrekkers”, os “Viajantes” - começaram a explorar e colonizar o interior da África, num movimento que ficou conhecido como “The Great Trek” (a grande viagem) e fundaram as suas próprias repúblicas, o “Estado Livre de Orange” (“Orange Free State”, actualmente uma das províncias da África do Sul) e o “Transvaal” (a “terra para além do rio Vaal”) que, em 1857 se auto-proclamou República Sul-Africana. A incursão Voortrekker para a zona costeira do Natal foi repelida pelos Zulus comandados por Dingane (irmão, herdeiro e, mais tarde, responsável pela morte de Shaka). O império Zulu foi mais tarde conquistado pelos britânicos na Guerra Anglo-Zulu.


As Guerras Boers
A descoberta de diamantes em 1867 e de ouro, em 1886 aumentou a riqueza dos colonos, que continuavam a imigrar para a África do Sul e intensificou a sujeição dos nativos. Os boers (ou bôeres) resistiram aos britânicos na Primeira Guerra dos Bôeres (1880-81) e uma das razões foi o facto destes colonos usarem fardamento cáqui, que é da cor da terra, enquanto os britânicos usavam uniformes de cor vermelha, tornando-os alvos mais fáceis para os atiradores boers.
A
Segunda Guerra dos Bôeres teve a oposição do Partido Liberal no parlamento britânico, que a considerava, não só desnecessária, mas também um desperdício de fundos, mas as enormes reservas de ouro e diamantes presentes nas Repúblicas Boers levaram os “Tories” a avançar com a guerra. A tentativa dos boers de conseguirem apoio dos alemães do Sudoeste Africano deram aos britânicos mais uma razão para controlar as Repúblicas Boers. Os britânicos mudaram de táctica, depois do fracasso do “Jameson Raid”, lançado contra o Transvaal a partir da vizinha Rodésia por forças irregulares alinhadas com o rico comerciante de diamantes e Primeiro Ministro da Colónia do Cabo Cecil Rhodes. A Segunda Guerra Boer deu-se entre 1899-1902, quando as tropas britânicas já não usavam os seus uniformes vermelhos. Os boers resistiram com tácticas de guerrilha, usando o seu conhecimento superior da terra, mas os britânicos venceram-nos pela força do número e pela possibilidade de organizar mais facilmente os abastecimentos.
Os britânicos encarceraram grandes números de civis
bôeres, junto com os seus trabalhadores negros, sem alimentação suficiente, nem cuidados médicos e queimaram as quintas e as colheitas, num esforço para estancar a guerrilha boer. Os guerrilheiros voltaram-se então contra as povoações dos nativos, antagonizando-os e forçando os boers a lutar com eles, para além dos britânicos. Muitos afrikaners, chamados pejorativamente “colaboracionistas” ("joiners") ou “derrotistas” ("hensoppers", em afrikaans, ou “hands-uppers”, em inglês) pelos outros afrikaners (os "bittereinders", em afrikaans, ou “bitter-enders”, em inglês, ou seja, “os que preferem o fim amargo”), pensaram que era altura de enctrar num acordo com os britânicos. Após prosseguirem com a resistência por mais um ano, os “bittereinders” finalmente perceberam que a nação boer seria completamente destruída se eles persistissem e assinaram um tratado de paz com os britânicos em Pretória, a 31 de Maio de 1902, o Tratado de Vereeniging.


O Tratado de Vereeniging especificava que o governo britânico era soberano das repúblicas boers e assumia a dívida de guerra de três milhões de libras dos governos afrikaners. Os súbditos holandeses ficavam com um estatuto legal especial, uma vez que o afrikaans ainda não era reconhecido como língua distinta. Outra provisão do tratado era que os negros não teriam o direito de voto, excepto na Colónia do Cabo. A administração britânica ainda tentou a "anglicização" dos boers através da educação obrigatória em inglês, mas o plano apenas resultou em ressentimento por parte dos boers e foi abandonado quando os Liberais tomaram o poder na Grã-Bretanha, em
1906. Foi por volta desta altura que o afrikaans foi reconhecido como uma língua distinta do holandês, embora não a tenha substituído como língua oficial até 1926.


Ou seja há mais de cem anos que a República da Africa do Sul de inglesa só tem o pertencer à Comunidade. Em tudo o resto sempre foi uma nação independente e muito orgulhosa de ter um índice de vida centenas de vezes superiores a qualquer outra nação africana. E já agora acrescento que os negros, mesmo no tempo do apartheid tinham um nível de vida incomparavelmente melhor que quaisquer outros negros do continente.
Foi por essa razão que quando houve as mudanças que se sabem os brancos não foram para sitio nenhum.


Eles, na verdade, só tinham um sítio onde estar.
Ali, que era a sua Pátria.

Nota: Oportunamente responderei à questão sobre as colónias portuguesas

2 comments:

Saulus Lupus Lunae said...

Olhe que me interpretou mal. Não queria negar a existência duma nacionalidade sul africana, assim como não pretendo negar a existência duma nacionalidade angolana, moçambicana, etc, dos povos de origem europeia. O que perguntei é se concorda com as suas "exigências", quando o que pretendiam era ficar nesses mesmos países e fazerem algo à semelhança do que foi feito na República Sul Africana? A minha questão prende-se com o desinteresse demostrado pela metrópole e com a posterior relamação por qualquer coisa, não sei se me entende, mas acredito que sim....
A influência vermelha, apesar de existir, passou-me um quase nada ao lado, graças a Deus. Gosto de noções mais verdadeiras das realidades :) e não mentiras pegadas e pouco fundamentadas, como as que a referida "tendência política" pretende veicular. Obrigado pela sua atenção.

fado alexandrino. said...

Muito obrigado.
Responderei brevemente.