Na versão jornalista
Hoje vou contar um drama
que felizmente terminou bem.
Era uma vez o senhor Nuno
Saraiva, ilustre subdirector do famoso e querido Diário de Notícias que escreve
muitas crónicas contra os malandros dos políticos, outras lastimando o
desemprego e muitas mais outras carpindo a mágoa da extrema pobreza que há em
Portugal.
São crónicas muito difíceis
de fazer, porque nada disto é do conhecimento pessoal.
O que é do conhecimento
pessoal é que uma noite saiu com o filho o qual tem carro, estuda para advogado,
tem conta bancária, joga no Euromilhões e acredita nos santinhos.
Como é que sabemos isto?
Porque o jovem num momento
de distracção perdeu a carteira que tinha tudo aquilo e segundo o babado pai
também muito lixo.
Foram à esquadra fazer
queixa.
Como era ao fim de semana
e havia pouco para fazer, os senhores agentes (uns madraços) disseram que era
melhor esperar dois dias.
Nem pensar, feita a queixa
chegaram a casa às quatro da manhã (e aposto com a mãe toda aflita).
No dia seguinte recebem um
telefonema de uns jovens que muito conscientes tinham encontrado a carteira e a
tinham entregado na polícia.
Contactada a polícia não
tinham a carteira.
O filho do senhor Nuno
desesperado vai até à esquadra, é recebido por um comissário que volta a dizer
que a carteira desapareceu.
O filho do senhor Nuno
telefona ao pai.
O que faz este, muito
aborrecido?
Vamos dar-lhe a palavra.
Incrédulo
e indignado com a história que me estava a ser contada, faço alguns
telefonemas. E algumas conversas depois o meu miúdo liga-me. "Parece que
já apareceu, mas só acredito quando vir", diz-me, desconfiado. A
arrogância e a indiferença iniciais dos polícias pareciam ter dado lugar ao
esmero e à diligência. E volvidos poucos minutos a carteira é entregue, com promessas
de inquérito interno e processo disciplinar aos agentes envolvidos.
Moral
da história.
Estudar
para advogado não chega para argumentar com um polícia.
Ter
um pai jornalista, subdirector, é muito bom.
É
melhor do que ter como pai um ilusionista.
Este
faz desaparecer carteiras, o outro com uns telefonemas (para quem foi por
modéstia o senhor subdirector não diz) faz aparecê-las.
Que
se escreva que se usou um poder dado por uma profissão para se obter uma
solução parece normal nesta querida Tugulândia.
Agora na versão Pai
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