24 Jun 2007

Sempre os últimos


Portugal já foi um grande país e um país grande.
Era no tempo em que os animais não falavam e muito menos governavam.
Isto é necessário que se diga para que as pessoas com menos de trinta anos não julguem que sempre fomos esta vil e apagada tristeza.

Terminou mais um campeonato de hóquei em patins e ficamos na pior classificação de sempre, repito de sempre.
E aqui faço uma singela homenagem aqueles que nos tornaram maior entre os maiores.
Na minha juventude o meu herói era o Emídio Pinto.
Era guarda-redes. Defendia tudo.
Já tinha havido o Jesus Correia, depois vieram o Adrião e o Bouçós.
Eram de Moçambique.
E o incomparável Livramento.

Hoje nisto, como em tudo, deixámos de ser campeões e já não valemos nada.
Pode parecer que não tem importância.
Mas tem.
É o sinal dos tempos.

20 Jun 2007

Novos Tempos


Houve um tempo muito feliz, aqueles em que os animais falavam e os jornalistas não eram incomodados nas suas opiniões.
Só existiam as “cartas dos leitores” e essas eram (e são) cuidadosamente filtradas.
Mas tudo o que é bom acaba na vida e de repente começaram a aparecer os blogs e de um momento para o outro todos passaram a ser jornalistas a terem ideias, a publicá-las e pior ainda a criticarem aqueles que antigamente eram os detentores de toda a sabedoria.
Claro que isto tem perigos como ficou agora amplamente demonstrado com a chamada a um juiz de um colega blogger que tanto quando sei apenas disse verdades.

Ora verdades é o que hoje não escreve o senhor doutor Manuel Carvalho mui ilustre jornalista do Público.
Primeiro fica muito ofendido porque
um jornalista que desempenha um cargo directivo no Jornal de Notícias decidiu participar numa acção de protesto contra a cedência de um espaço público, o Teatro Rivoli, a Filipe La Féria; o jornalista é filmado sem autorização no exercício dos seus direitos de cidadania.
Vocês estão a ler o mesmo que eu?filmado sem autorização!.
Então quando o pacato cidadão é encurralado contra uma parede e lhe espetam microfones pelas ventas abaixo, se feito por um jornalista é lindo é o direito à informação, mas se for apanhado numa manifestação contra uma coisa qualquer com um cartaz na mão, já é um abuso.
Abuso é escrever-se disparates destes.

Mas nem é isto que interessa, o que interessa é que o senhor jornalista continua a ignorar a verdade.
Diz ele
Rio limitou o acesso a subsídios municipais a agentes da cultura que se abstivessem de o criticar publicamente.
Antes de continuar o que é que ele diria se numa crónica o tratassem do principio ao fim por Carvalho para aqui e para ali fazendo de contas que ele não tinha um primeiro nome?
Vamos lá a ver se este ignorante aprende de uma vez para sempre.
Rui Rio proibiu os agentes culturais que tivessem recebido subsídio de criticarem a Câmara e não ele (julgará o Carvalho que isto é a Albânia?) sobre exactamente o evento para o qual já tinham recebido o dinheirinho.
Parece normal.
Até os cães lambem a mão de quem lhes dá de comer.

É por isto que os blogs se afirmam cada vez mais porque neles a opinião é verdadeiramente franca e todo o contraditório está em aberto pois a maioria (infelizmente não todos) permite o comentário e a critica.
É assim que deve ser.
Ninguém, nunca, nos calará.

15 Jun 2007

Faça aqui o seu aborto



Fernanda Câncio é jornalista e começa os seus escritos por aquela palavra que os absolve.
E hoje “parece-lhe” que os médicos de um hospital nos Açores (cujo nome ela aproveita para fazer uma deliciosa blague no título) se declararam objectores de consciência para não fazerem abortos segundo instruções das mulheres grávidas.
E fica admiradíssima de não haver nos Açores mais ninguém que os faça.
E de delírio em delírio compara os Açores à Irlanda.


Mas fc (é assim que ela gosta de ser tratada) não compreende porque é que estes mesmos médicos se recusam a seguir as indicações das grávidas, mas ao mesmo tempo não se recusam a cumprir a lei que determina o aborto em determinadas condições.
E fc tem já uma solução na manga.
Despachar para os Açores médicos que não sejam objectores de consciência.
Estes socialistas sempre foram uns grandes paladinos de mandar na vontade dos outros.

13 Jun 2007

O olho do vizinho



Exmo. Senhor Doutor Joaquim Fidalgo
Excelência:

Publica hoje V. Exa. no jornal de que é, justamente, uma das maiores figuras uma feroz sátira sobre um outro parceiro, eu ia a dizer concorrente, de lides jornalísticas.
É ele “O Sol” e V. Exa. acusa-o de manhosamente ter deitado a ideologia fora e começar a oferecer brindes a torto e a direito, por enquanto uma biografia de inatacável interesse e terminar num qualquer faqueiro.
E adianta que vai deixar de o comprar.
Confesso que aqui m’admirei (como diria um vosso estimado colaborador) pois eu pensava que vós, os senhores jornalistas, tinham todos os periódicos de borla.

Acontece que eu tenho que comprar ambos.
De “O Sol” já sei o que esperar.
São dois euros que agora graças à publicidade que uma cadeia de cinemas (não, não sou tão parvo que vá pôr aqui o nome para os ajudar) resolveu fazer, fica de borla se for aos seus cinemas.
Repare V. Exa. Senhor Doutor, não é para ir ao cinema.
É para ir a determinados cinema.
Faz a diferença, não é verdade?

Agora o que me traz aqui, é outra coisa.
É que de “ O Público” , que pago na sua versão on-line, nunca sei o que esperar.
É verdade que o senhor Procurador já me informou que os vossos problemas informáticos derivam de estar a mudarem de andar (uma desculpa muito boa para o funcionalismo público, não acha?).
Olhe na última sexta-feira não houve jornal, no sábado apareceu por volta das dez da manhã, o que já não é novidade.
Até se conseguem ler as indicações para os gráficos.
E V. Exa. Senhor Doutor saberá que a sua crónica, uma vez, até veio classificada como Lixo?
Até mandei uma carta, claro que sem resposta, a criticar o desaforo.

Excelência:
Antes de criticar muito justamente os outros, acuda a estes humildes pagantes do seu jornal.

Muito Grato
A Bem da Nação.

12 Jun 2007

Dá que pensar


Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

Esta simples frase, dita centenas de milhares de vezes pelos portugueses, todos os dias, põe pessoas como a Ana Drago (por onde andará que não temos visto aquela carinha laroca) completamente fora do sério.
E claro, juntam logo a grande necessidade de tirar os crucifixos das salas de aula em vez de se proporem colocar a matemática ou o português na moda.
É curioso que a esquerda sempre teve uma particular aversão a toda e qualquer religião particularmente a católica, porque diz ela, faz a cabeça das pessoas ou no pitoresco discurso de um grande político português no activo origina derivas sociais-democratas!

Claro que estas pessoas de cabeça desfeita, são só aquelas que não seguem a Grande Cartilha (aliás outras forma de religião) porque aqui, embora todos pensem o mesmo e os braços no ar se levantem respeitosamente apoiando, é tudo pelo bem comum e para depois, irmãos, podermos ir lá fora convertê-los, à força se necessário, claro.

É legitimo ficar preocupado com os fanatismos, de um e de outro lado, mas ignorar e hostilizar uma percentagem esmagadora de portugueses, não me parece ser a melhor solução.
Tudo isto a propósito de uma ida que hoje fiz para tirar umas fotos ao Campo Mártires da Pátria.
Como sabem está lá a estátua do Prof. Doutor Sousa Martins , que por acasos que não vêm ao caso é por muita gente considerado um santo.
A Igreja, tanto quanto sei, não lhe reconhece qualquer santidade que não faz diferença nenhuma a quem precisa, procura e pede.
Da fé dessas pessoas, das suas angústias, das suas dores, lá está uma quantidade admirável de oferendas.
Eu sei que para muito é uma manifestação de obscurantismos, de ignorância de lamechice.

Eu por mim acho que as devemos respeitar, provavelmente como elas me respeitam a mim.

Unidos Jamais Serão Comprados


Os Gatos Fedorentos são um caso de sucesso em Portugal.
Vindos de um canal da televisão por cabo, conseguiram chegar à televisão pública por via de um erro de programação praticado por um gestor privado.
São uma espécie de Seinfeld à portuguesa misturado com umas pitadas de Jay Leno sendo que de comum têm, também, o terem um líder e outros que fazem número.
Usam muito bem, aquele público idiota que ri de tudo apenas para poder dizer, estive lá, são bués de giro.
São especialistas em publicidade e fizeram um belíssimo contracto com a Portugal Telecom.
Mas nada disto chegaria para fazer deles monumentos nacionais inatacáveis.
Era preciso o golpe de asa.

E ele apareceu de uma das duas maneiras para se ter grande sucesso mediático aqui no cantinho.
Afirmaram-se de esquerda, apoiaram todas as causas fracturantes, o seu líder (num momento de delírio) afirmou mesmo ser do PCP e finalmente publicaram O Cartaz.
E com isso recolheram a crítica unânime dos senhores jornalistas que seguiram o sábio conselho “ não vi e gostei”.
Quem se atrevesse a sugerir que a maioria dos programas não tinha qualquer valor podia esperar uma rodada de ignorante ou de fascista do humor.
Pode dizer-se, mas assim perderam independência.
Pois, mas ganharam dinheiro, muito dinheiro.

9 Jun 2007

Mayday Mayday


De acordo com esta informação a Ibéria que opera 31 aviões A340 num misto de modelos 300 e 600 planeia duplicar a sua frota neste modelo para 60 aviões para efectuar a ligação entre a América Latina (LATAM) e o Oriente tendo, claro, como placa giratória Madrid e o seu renovado, ampliado e melhorado Aeroporto de Barajas.
Também de acordo com notícias lidas em vários sítios de aviação a British Airways planeia lançar uma OPA sobre a companhia de bandeira espanhola tudo isto a ser efectuado ou não até ao fim de 2009.

Portugal é um país pequeno, cada vez mais pequeno, e é neste mercado que os nossos governantes com uma companhia de bandeira que opera 4 A340-300 (não posso garantir este número porque o site da TAP esteve sempre indisponível) esperam encher o novo aeroporto internacional a construir no arrozal da Ota até 201x e criar uma grande plataforma intercontinental conforme os nossos sábios demonstraram no último concurso de televisão.

Há duas coisas quase absolutamente certas, sendo que uma é absolutamente certa.
Provavelmente já cá não estarei quando o disparate aterrar.
De um preço de 3,1 mil milhões de euros sem acessibilidades incluídas, o preço final será de (perguntar à Maya, mas sempre, sempre de dois dígitos).

Mas o povinho fica mais entusiasmado se as notícias forem sobre a pequenita inglesa e assim não há volta dar.
Não de esqueçam de desligar a luz quando o país fechar.

6 Jun 2007

Têm que voltar à primária




Lê-se, e é melhor acreditar.


A CGTP-PCP está muito contente com a greve geral, considerando que teve um forte impacto na redução da actividade económica e nos serviços públicos e dizendo que contou com a participação de mais de 1,4 milhões de trabalhadores.
Deixemos agora de lado os números que os comunistas desde sempre nos habituaram a não serem credíveis nesta matéria.
Já Lenine tinha mandado matar milhares de russos e ainda eles cantavam hossanas à revolução de Outubro, depois o grande Stalin quase que desertificava a Rússia e eles acreditavam nos amanhãs que cantam.
Pol Pot foi um simples acidente de percurso, embora os seus milhões de caveiras não sejam de desprezar. Fidel e Che heróis populares que aliás dão muito boas tee-shirts.
Praga e Budapest apenas são conhecidas como cidades muito lindas onde, agora, se pode passear e falar livremente.
Mas nem em todos os números os comunistas tropeçam, não senhor.
A Pide é responsável por vinte ou trinta mortos e eles dizem que foi uma hecatombe nacional. Mesmo assim ainda há quem chegue aos noventa anos depois de ter estado no Tarrafal.
Adiante.


Ora o que nos traz aqui é verificar o contentamento do senhor Doutor Carvalho da Silva por a greve que o Partido Comunista “Português” lhe mandou fazer ter, nas suas palavras, prejudicado a economia portuguesa.
Mas afinal os comunistas não querem o melhor para o povinho? Então se assim é como é que ficam contentinhos quando a produção baixa e aumenta a possibilidade de trabalhadores irem para o desemprego?
E o Grande Líder dá vários exemplos de muito sucesso e entre eles destaca a AutoEuropa, onde a greve foi parcial. Ora bem, convém dizer que esta empresa é a maior exportadora nacional e um pilar forte da nossa economia. Tem uma saúde laboral e um pacto social digno de admiração e que pode servir de exemplo para todos os grandes grupos.
E foi aqui que um pequeno grupo conseguiu prejudicar a empresa, os restantes trabalhadores e eles próprios com uma greve sem qualquer sentido. Estes amnésicos nem sequer se lembram da lutas que a Comissão de Trabalhadores da Opel da Azambuja protagonizou e que levou a que agora estejam todos de punho cerrado no desemprego e a outra mão atrás.
Foi aliás esta empresa que o senhor Doutor Anacleto Louça escolheu para ficar bem na reportagem das queridas televisões.
Com esta gente, vamos todos para o paraíso socialista. Pobrezinhos mas limpinhos.

É limpinho

5 Jun 2007

Lá vamos, cantando e rindo


Portugal já foi um grande país.
Foi grande no tempo das descobertas, era grande no tempo das províncias ultramarinas.
Mas houve sempre portugueses pequeninos e esses conseguiram reduzir essa antiga grande nação ao que hoje somos.
Uma coisa com gente cá dentro em forma de cagadela de mosca no mapa da Europa.

O programa Prós & Contras de ontem, sobre a Ota, mostrou de forma exemplar toda a megalomania que avassala aqueles que detêm o poder de gastar o dinheiro dos outros, para deixar obra.

De um lado Augusto Mateus, do outro Eduardo Catroga, dois políticos que já estiveram em funções governativas e que hoje estão colocados numa das centenas de sinecuras que eles próprios foram criando ao longo dos anos.
Lado a lado com dois técnicos que claro está com os mesmos dados conseguem ver duas coisas diferentes, uma muito boa coincidindo com a sua opinião e outra muito má, aquela sobre a qual não deram nenhum (muito bem pago) parecer.

Vale a pena acrescentar que a dona do programa esteve igual a ela mesmo.
Muito contentinha, gabando à exaustão o formato e ameaçando pôr no olho da rua, ela dizia evacuar, quem se continuasse a manifestar.

Não vale a pena estar aqui a reproduzir os delírios que ontem se ouviram, até porque num programa sobre um aeroporto, a primeira vez que se conseguiu ouvir uma opinião técnica de alguém que sabe o que diz passava da uma da manhã, foi um comandante reformado (daí o poder falar livremente) e arrasou a operacionalidade conforme o relatório mostra desde sempre, e eu próprio me fiz eco.

Houve no entanto uma frase que merece destaque, e por piedade, não vou escrever quem a disse.
Então é assim:
O TGV vai trazer muitas pessoas de Espanha, para embarcarem no novo aeroporto na Ota.E já agora outra, para fazer um par de duques.
É preciso que o TGV não termine na Gare do Oriente mas sim no centro bem perto dos melhores hotéis.
Provavelmente com um ramal para as suites, digo eu.

Portugal precisa do TGV? Não.
Portugal precisa de um novo aeroporto megalómano, para concorrer com Madrid, Londres, Frankfurt? Não só não precisa, como isso nunca acontecerá.
Portugal precisa que as capitais de distrito estejam todas ligadas por auto-estrada?
Sim, precisa disto e de muitas mais coisas.
Mas acima de tudo, precisa é de uma nova classe dirigente.
E donde há-de ela vir?
Pois, o ideal seria num avião da Ibéria da Lufhtansa ou mesmo da Virgin.
Que aterre na Portela ou no Montijo.

2 Jun 2007

Otários


Vai pela Ponte 25 de Abril (construída numa única noite) e paga 1,25 euros de portagem na classe mais baixa ou 5,80 na classe mais alta.
Ao mesmo tempo os outros dois fulanos que atravessam a Ponte Vasco da Gama (onde morreram dois pretitos numa poça de lama e a mãe ainda não conseguiu qualquer indemnização dos concessionários) pagam respectivamente mais 0,95 euros e 4,05 euros.
E você pensa, fiz bem e além disso estou a pagar para o Estado.
Está duplamente enganado.
Para que a última ponte fosse construída o Estado paga à concessionária a diferença entre as portagens, entrou com um terço do custo da obra e ofereceu ainda as portagens da primeira ponte.
Bem, desculpe, há aqui um erro.
O Estado não paga nada. Quem paga sou eu, você e mesmo o fulano que vive em Chaves e nunca vai passar nem numa nem noutra.
Mas isto está feito, está feito.
O que você se calhar não sabe é que vai ser feito novamente .