30 Jun 2008

Campeões


Lá terminou o Euro 2008 e como não podia deixar de ser Portugal foi campeão.
Sim, eu sei bem, que quem levantou a taça ontem foi a Espanha, mas essa, coitada, só consegui ganhar no jogo jogado.
Ora nós fomos campeões e com inteira justiça no jogo falado.
Os jornais encheram-se de milhares de palavras, lá está, onde era explicado muito bem porque é que íamos ganhar.
Ora tínhamos o melhor jogador do mundo, a melhor parelha de defesas do mundo, o melhor médio do mundo, avançados que já jogaram em todo o mundo, um seleccionador que é do outro mundo, um povo que descobriu o mundo.
Querem mais?
Então fizemos coisas que mais ninguém no mundo fez.
Um treino com bilhetes verdadeiros com direito a mercado negro, transferências no período de concentração, idas a cidades bem longe para tratar de problemas pessoais, putativas transferências antes dos jogos, durante os jogos e após os jogos.
E bandeiras muitas bandeiras.
E cortejos e fanfarras e muito, muito paleio.
Ora como bem sabemos nisto de foguetório antes de se ganhar seja o que for somos especialistas e, lá está, mais um campeonato ganho.
Agora vamos descansar um bocadinho e toca a ganhar o Mundial de 2010.
Só uma coisa pode estragar esta vitória futura.
O loiro oxigenado presidente ainda lá estar.

20 Jun 2008

FuteGay


Portugal perdeu com a Alemanha.

Ora a verdade é que isto não é notícia.
Perdemos sempre seja lá o que for que esteja em disputa. Este problema só se consegue começar a resolver quando os alemães, os holandeses ou os croatas poderem começar a jogar e a trabalhar por nós.
Há o problema de não cantarem o hino.
Mude-se o hino.
E temos portanto que encerrado este assunto que empolgou os tugas cabe apenas lembrar a frase do ano, e ela foi como não podia deixar de ser, feita por um senhor jornalista que comovido perguntava ao brasileiro que ganhou o euromilhões em Portugal.

-Senhor fulano de tal, temos homens a chorar na cabine?

Olhem, eu não sei, mas temos alguns a chorar de alegria.
Desde logo a crer na notícia do Pasquim da Manhã, vão começar a ser autorizadas as visitas gay nas penitenciárias a pedido dos jovens namorados.
Por acaso eu pensava que eles resolviam o problema entre os presos, é assim nos filmes amaricanos, mas aqui com a mania das grandezas temos sempre que ser diferentes.

14 Jun 2008

Que belo par


Graças a João Gonçalves fiquei a saber que a Casa Fernando Pessoa e a Câmara Municipal de Lisboa vão organizar um evento onde haverá música hip-hop para dar uma nova roupagem a Fernando Pessoa e graffiti para evocar a obra do mesmo.
Participam Melo D, Maze e Fuse dos Dealema, Raptor, Rocky Marsiano, Rodrigo Amado, Sagas, Dj Ride, T-One, D_Fine e Viriato Ventura (pai de Sam The Kid) e as pinturas rupestres serão efectuadas por Nomen, um dos mais reputados writers nacionais.
Os amendoins são gratuitos.

Ora João Gonçalves ficou ofendido.
Não tem razão.
À frente daqueles dois organismos estão dois vultos muito conhecidos.
De um lado o monhé que governa a cidade e que vive em Sintra.
Do outro a maior escritora portuguesa no género crónica feminina, aliás é assim mesmo que se chama a coluna onde todas as semanas estraga uma árvore no Expresso.
Ainda outro dia insultou António Lobo Antunes.

Portanto, de onde vem nada havia a esperar.
Merecemo-los.

12 Jun 2008

O Ministério da Saúde recomenda...


Prontos, está tudo bem.
Vai haver gasolina, os senhores camionistas já deixam passar os outros senhores camionistas. Aquilo não era uma greve, e nos piquetes de greve apenas queriam conversar diríamos mesmo dialogar.
Um calhau ajudava a estabelecer pontos de acordo.
Portugal ganhou um jogo e milhares foram gastar esta mesma gasolina para festejar.
Sócrates agradece imenso estes arroubos.
Entretanto há sempre um fulano a estragar a doce paz.

“As vítimas receberam assistência médica no Hospital Distrital de Santarém. Pai e filho, que sofreram apenas cortes no rosto, tiveram alta ainda durante a noite. A terceira vítima, que ficou ferida num dos olhos, foi transportada a uma unidade hospitalar de Lisboa, uma vez que em Santarém não há serviço de oftalmologia.”

Não se percebe.
No distrito que tem o presidente de Câmara que mais vê o hospital não presta.
Vai para Lisboa.
No de Faro não fazem nada a quem apareça com problemas de ter partido a cachimónia.
Vai para Lisboa.
No da Guarda, no de Bragança deve acontecer o mesmo.
Vão para Lisboa.

Ora é altura de se pedir à Ministra da Saúde que tem uma voz meiguíssima para dizer nada que publique um panfleto com os problemas e doenças que os portugueses podem ter por distrito.
Assim eles já se podiam organizar e evitavam este turismo médico que entre outras coisas gasta a gasolina necessária para os festejos.

11 Jun 2008

Já tivemos


Cavaco Silva, coitado, não lê jornais.
É um hábito que lhe ficou do tempo em que era primeiro-ministro e verificava que os pobres dos jornalistas não conseguiam interpretar o que ele dizia e por norma escreviam montes de asneiras.
Agora ele foi subindo na vida e é a autoridade máxima em Portugal.
Os jornalistas continuam iguais.
Bem estão até um bocado piores porque saem às fornadas das universidades e vão trabalhar a recibo verde para as empresas que mais gritam contra os recibos verdes.
E continuam a não saber ouvir.
No dia do feriado em que toda a gente vai para a praia e chateado por lhe estarem a fazer perguntas a despropósito disse claramente
“ hoje é o dia de estarmos a falar da raça, é o dia da raça”.
Foi a catástrofe!
Então ele não sabe que os senhores jornalistas e já agora os senhores políticos de esquerda, não conseguem interpretar uma frase tão grande e com uma vírgula?
Cavaco queria referir-se aquela raça, aquele brio, aquela vontade que já caracterizou os portugueses.
Mas não foi compreendido.
Pois não, ele estava a falar de um povo que já não existe.
Como é que haviam de perceber o que ele disse?

9 Jun 2008

A Granel


A Câmara Municipal de Lisboa está falida.
Não tem dinheiro para mandar cantar um cego.
Só tem dinheiro para quem vê muito bem.
Um associação que vende livros consegue que esta câmara lhe dê duzentos mil euros todos os anos com a promessa de um evento cultural.
O qual é a As Barracas Pela Encosta Com Livros.
Com esta é a terceira vez que lá vou.
O espectáculo não podia ser mais pindérico.
As habituais barraquinhas, nesta edição com uma versão melhorada, patrocinada pelo novo gigante dos livros, lá estão.
Os livros também como salsichas num talho.
A diferença daquilo para uma barraquinha nas feiras a vender hambúrgueres é nenhuma.
A animação é nula e só aumenta um bocadinho na barraquinha dos gelados.
Até onde descobri a cultura resume-se a um desgraçado de um escritor a torrar ao sol e a assinar livros em linha de montagem.
Gente para cima e para baixo.
Tristes, os monos não valem nada, os que valem têm o desconto igual à FNAC.
Pode ser que para o ano deixe de se fazer esta fantochada e com o dinheiro melhorem algumas das casas de que a Câmara é dona e que, como esta feira, caiem aos pedaços.

6 Jun 2008

Preto no Branco


Finalmente e depois de muitas voltas e rodriguinhos alguém (e que alguém) vem esclarecer a simpatia dos fazedores de opinião lusos por Obama.
Fernanda Câncio depois de nos contar uma história comovedora passada entre um preto e uma professora numa escola portuguesa conclui que a eleição de outro preto para possível presidente dos states demonstra que um dia vai fatalmente acontecer o mesmo aqui em Portugal.
Ora isto é um bocadinho trágico porque toda a campanha feita pelo próprio e pelos seus apoiantes e admiradores reside exactamente no contrário.
Querem fazer passar a ideia que o senhor tem inúmeras ideias e ideais novos e que o facto de os pretos (lá dizem os afro-americanos) votar massivamente nele é apenas devido a todos gostarem da mesma marca de cerveja.

Uma coisa que eu gosto nos senhores jornalistas é a facilidade com que colocam perguntas sem cuidar das respostas.
Pergunta a nossa Segunda Dama:

Por que motivo não há um único pivot negro na TV portuguesa, por que há apenas um negro no parlamento (Hélder Amaral, do PP), por que há tão poucos jornalistas e comentadores negros, ou, mais prosaicamente, por que razão um grupo de negros num centro comercial sobressalta os seguranças

Pois é porque será?
Eu apenas sei que no último exemplo apresentado o motivo deve ser uma questão de percentagem.
Esclareço, a percentagem de problemas.

Felizmente vai tudo mudar.
Quando?
Ora como Ela diz:

E doravante, dar-se-ão também mal os que vivem de desculpas e ressentimento, os que repetem "para os pretos não há hipótese": Obama conseguiu. Pode não mudar mais nada, mas isso já mudou.

Pois mudou. Pelo menos deixou de haver hipocrisia à volta de uma candidatura cujo mentor (oportunamente chutado borda fora) conclamava “morte aos brancos”O que como sabemos, visto do outro lado, é apenas manifestação de troplicalismo.

4 Jun 2008

Doeu


À volta de Alegre, haverá eleitores do PS, do PCP, da extrema-esquerda e moderados avulsos; haverá cantores e artistas de várias áreas; haverá professores, muitos, e funcionários públicos, mais que muitos. Em suma, é natural que a sua candidatura, a ser retomada em 2010, reúna toda ou quase toda a oposição à esquerda. Para disputar Belém a Cavaco ou simplesmente para fixar de vez as bases de um movimento amplo, isso é o que depois se verá.
Nuno Pacheco in Público


Uns chamaram-lhe festa, outros comício. Francisco Louçã, do BE, disse mesmo que iria ser a "maior mudança dos últimos anos na esquerda portuguesa". Mas o encontro de ontem à noite, no Teatro da Trindade, em Lisboa, que reuniu gente de vários sectores da esquerda (o PCP optou por ficar de fora), entre os quais Manuel Alegre e outros socialistas, foi, acima de tudo, uma sessão de protesto contra o Governo de José Sócrates e as suas políticas.
Dos jornais

O profissional de política Manuel Alegre, elevado à categoria de doutor por VPV, se tivesse um pingo de vergonha na cara abandonava imediatamente o PS e ia tratar da vidinha por outras bandas.
Manuel Alegre poderia em casa própria fazer agora um belo soneto em que com aquela bela voz declamasse Roma, punhais e traição.
Ao apadrinhar ontem a festa-comício de um partido trauliteiro que vê na rua a fonte de toda a legitimação deu uma bela facada nas costas do seu próprio.
Como se vê pelos jornais de hoje a esquerda folclórica está eufórica com o poeta.
Sempre foi assim, é sempre necessário um bobo que possa ser usado para enfeitar a festa.
De qualquer maneira Alegre assinou uma sentença.
Ou consegue que Sócrates perca as eleições e fica no PS ou então terá que sair.
Sócrates nunca lhe perdoará.

No Gamanço



Uma pequena notícia de jornal, dá-nos conta de que um processo chegou ao fim de doze anos a julgamento.
Juntem-lhe agora mais um para o propriamente dito e depois outros doze em recursos e vejam como é que a justiça é feita neste país e quais as condições que se dão a quem quer investir.
Mas o mais interessante da mesma é o seguinte:

Os donos da empresa, Luís e Sérgio Garrucho de Sousa, que agora estavam dispostos a devolver o sinal a dobrar, dispunham à época da obra de grandes influências na Câmara de Lisboa, visto que o vereador das Finanças (Luís Simões) e o chefe de gabinete do presidente (Leiria Pinto) eram seus sócios numa cooperativa de habitação particularmente favorecida por decisões do então autarca Jorge Sampaio. Os construtores da Vila Correia tinham apoios na CML, onde conseguiram benefícios excepcionais em vários processos.

Lembro que esta câmara não é na Colômbia mas nos mercados locais vende-se muita banana.
Pode ser lido na totalidade na edição de hoje do Público.

3 Jun 2008

PREC II



O COPCON controla os acessos a Lisboa, onde populares levantaram barricadas, incitados pelo PCP, sindicatos e boa parte da imprensa escrita.
(dos jornais)

Foram organizadas por gente do PCP, que à semelhança do que fazia na cidade, tentava impedir que os cidadãos se movimentassem e expressassem livremente. E creio que estariam armados, pois eles andavam sempre com armas naquelas circunstâncias. Mas se não passássemos a bem passávamos a mal e não tiveram outro remédio senão desviarem-se do nosso caminho. Quando chegámos à entrada da ponte 25 de Abril demos com nova barricada e, tal como na primeira, nem sequer parámos.
(Francisco Soares Feio)

Pois é.
Mas agora pararam mesmo, ou melhor o Grande Líder, aquele que nunca vacilava, deu um tropeção quase igual ao que outro Grande e Amado Líder deu há uns tempos atrás.
Acabou-se aquele mito do inflexível.
De agora em diante não vai haver grupo ou associação que não saiba que uma boa barricada com uns sólidos cadeados e uns cacetes por perto chega para quebrar as costas ao atleta do jogging.

Restam-lhe duas coisas.
Um bom robalo grelhado.
A outra todos sabemos.

2 Jun 2008

Tá tudo bem


Gostava de fazer um post daqueles muito bons que levam uma data de comentários, mas não acontece nada que valha a pena aqui no quintal.
Bem os agricultores pedem subsídio, os pescadores pedem subsídio, aquele senhor que é o dono do Movimento Democrático dos Utentes da Ponte Sobre o Tejo pede subsídio, mas o que é que isso interessa num país onde toda a gente pede subsídio?
Também se podia escrever sobre aquele episódio de uns fulanos fecharem a cadeado uma lota, destruírem o peixe que estava lá dentro e não deixarem entrar nem sair ninguém sem ser revistado.
Mas isto é normal, já se fazia no PREC e como sabem a história repete-se (como farsa dizem).
Outra boa hipótese era a crise que se vive no quintal e parece que há dois milhões de pobres.
Mas com o barulho que os noventa mil por noite fazem no Rock in Rio cujo bilhete só para entrar custa cinquenta e três euros não me consigo concentrar.
Uma senhora caiu em casa e partiu a cabeça.
Teve azar de ser no Allgarve e no hospital que serve o mesmo e que está sempre cheio de turistas só tratam bebedeiras. Falta uma coisa qualquer com um nome esquisito e portanto mandam os doentes para Lisboa.
Esta já não veio a tempo. Morreu. Normal, já aconteceu ao Joaquim Agostinho.
É melhor fazer férias em Cancoon.
E prontos! pode ser que amanhã surja uma boa ideia.