A Colonização Exemplar

No dia 24 de Abril de 1974 cerca dos dez minutos depois da meia-noite já o PCP controlava tudo e todos sem que os mesmos ainda o soubessem.

Coitadinhos estavam muito iludidos e acordaram muito tarde para a realidade.
E imediatamente criaram uma série de factos oficiosos que passaram a ser oficiais e com selo de garantia até aos nossos dias.

O futuro jornalista Miguel Tavares então com vinte e três aninhos não escapou e na última intervenção volta a falar nos "colonos".

Fechando os olhos podemos imaginá-los de caqui com o chapéu colonial e de espingarda ao ombro matando um ou outro elefante ou até mesmo um nativo por despreocupação nas suas grandes sanzalas.
Mozambique e especialmente Lourenço Marques nos anos 70 era um grande território e uma cosmopolita cidade.
Como território exportava fabulosas quantidades de açúcar, chá, copra e algodão dando fabulosos lucros à Metrópole (do Minho ao All Garb)
Como cidade fervilhava de vida sempre cheia de milhares de sul-africanos o que vinha a originar que quase todos falassem duas línguas.
Milhares de chineses e indianos acrescentavam Mundo.
Naquela altura viviam em Mozambique milhares de brancos de segunda e terceiras gerações.
Um cidadão da Tugulândia tinha tanta liberdade de ir para o Minho como de ir para lá.
E são estes que continuam a ser chamados de "colonos". Santa e bendita ignorância.

Miguel Tavares fervilha de entusiasmo no seu artigo , diz que viveu aqueles dias no Expresso e que tem muitos caderninhos com apontamentos e avisa os "jornalistas verdes" de agora que nada se pode comparar aqueles tempos.  
Na biografia da Wikipedia lê-se que se estreou em 1978 na RTP.

Numa legenda de uma foto sobre "retornados" (uma das maiores vergonhas nacionais) pode ler-se  " E os retornados tornaram-se um fator de modernização do país e da mudança de hábitos e mentalidades".
Esta geração está a desaparecer é quase certo que a verdadeira história, a Verdade nunca venha a ser contada.
O PCP fez um trabalho de mestre.

Adenda:
Hoje mesmo num dos esplêndidos países saídos da "descolonização exemplar"  mais um golpe de estado que se saldará por mais umas dúzias de mortos.
Boa noite e boa sorte.

Na foto

Selecção de Moçambique, em representação de Portugal em Montreux 1958. De pé, da esq: António Souto, Abílio Moreira, Francisco Velasco, Fernando Adrião, Amadeu Bouçós e Manuel Carrelo. Agachados: Romão Duarte, Passos Viana, Alberto Moreira e Vítor Rodrigues