17 May 2007

Põe a cruzinha num lado qualquer


To some extent, if you’ve seen one city slum you’ve seen them all.
Spiro T. Agnew



Meus caros compatriotas tenho muito boas notícias para vos dar.
Começou o circo e vamos ter espectáculo até aos princípios de Julho.

Não, não é o folhetim da pequenita inglesa, esse está quase a acabar e agora só aparecem actores de segunda linha para grande desespero dos papagaios das televisões que já não sabem como encher chouriço.
Hoje um especialista ensinou que o assassino deixa sempre vestígios no local do crime e leva sempre com ele indícios do mesmo.
É isto que eu chamo serviço público.

O espectáculo que tem tudo para ser um grande show, cheio de efeitos especiais é a eleição para presidente da Câmara de Lisboa.
Antes de dar a minha opinião e o sábio conselho em quem devem votar vou contar uma pequena história.

Quando cheguei a Portugal graças à expedita descolonização exemplar, o grande assunto que ocupava os jornais era a renovação do sistema viário da Praça de Espanha.
O problema é tão complexo que trinta e tal anos depois, mesmo com o labor de excelentes presidentes que já se sentaram no cadeirão, milhares de euros espatifados, está tudo na mesma.
Até a sumidade foi chamada a fazer um plano.
Deve estar lá numa gaveta aguardando o dia do juízo final.

Mais recentemente havia necessidade de espatifar mais uns milhares de euros e então contrataram-se especialistas para resolver o problema das cargas e descargas.
Foi lindo.
Era com telemóvel, tudo ao segundo, com uns lugares especiais pintados de fresco e horários europeus, alta tecnologia, até vinham lá de fora ver como era.
Não funcionou. Aliás, nem sequer chegou a ser ensaiado.

Anda-se muito depressa em Lisboa fora das horas de ponta?
Claro e isto tem que ser resolvido, uma vez que não se conseguem resolver os engarrafamentos que duram o dia inteiro.
Como há dinheiro em barda toca a gastar uns milhões de euros e plantar por toda a cidade lindos radares. Até parecia London.
Mas houve um problema. Não estavam aferidos. Não estavam registados. Os senhores automobilistas podiam ser multados em duplicado, uma vez que a PSP que não depende de ninguém, não queria saber daquilo para nada.
A trapalhada ainda lá está.
A trapalhona está de saída.

Portanto caros compatriotas a lição é bem clara.
Votem em quem votarem, não fará diferença nenhuma para a vossa qualidade de vida.
Vai continuar tudo igual, para pior.

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