23 Oct 2007

Cores


James Watson, um prémio Nobel, parece ter dito qualquer coisa como “os pretos são menos inteligentes que os brancos”.
Fez muito mal e já foi amplamente criticado, despedido e quase queimado vivo por esta heresia.
Se por acaso tivesse dito que Bush é mais estúpido que um dromedário, o que todos os dias milhares de pessoas dizem por aí, isso teria sido elogiado e comentado como uma prova de viva e fina inteligência, afinal uma redundância porque Watson é branco.
Sobre o paralelo deste assunto Santana-Maia Leonardo produz hoje uma opinião, que pela sua clareza e por se tratar de uma página não acessível merece ser transcrita, o que se faz pedindo licença:

James Watson, Nobel da Medicina em 1962, um dos homens responsáveis pela descoberta da estrutura molecular do ADN e precursor da genética, escandalizou o mundo ao afirmar recentemente, numa entrevista, que acredita que os negros são menos inteligentes que os brancos. Francamente não sei se são ou não, nem tão-pouco isso me tira o sono. Mas se isso for verdade, do ponto de vista científico, significa que anda por aí muito preto disfarçado de branco e muito branco disfarçado de preto.Apesar de não acreditar na teoria, as reacções que suscitou deu, pelo menos, para ver como Galileu se terá sentido quando, no século XVI, pôs em causa o que vinha escrito nas sagradas escrituras. Todas as épocas têm os seus dogmas e as suas sagradas escrituras que condicionam fortemente até os próprios homens da ciência. Se hoje, por exemplo, um cientista descobrisse qualquer coisa que distinguisse, intelectualmente, as raças ou os sexos, o melhor era guardar a descoberta para si, caso contrário era atirado para a fogueira. Mas se professar publicamente a igualdade das raças, tornando pública a indignação ao mais leve sinal de racismo, faz hoje parte do roteiro obrigatório do politicamente correcto, a verdade é que quem professa esta cartilha esconde, em regra, algum racismo que tem vergonha de assumir. Por exemplo, a forma como os nossos governantes se disponibilizam para receber o criminoso Mugabe e a forma condescendente como lidam com os ditadores africanos indiciam claramente que partilham a tese de James Watson, se bem que também não sejam os brancos mais capazes para a comprovar. Com efeito, é óbvio que se Mugabe fosse branco, o nosso Governo não teria, para com ele, a mesma condescendência e benevolência. Mas, como é preto, dão-lhe o benefício da tese de Watson. Ou seja, tratam-no com a mesma condescendência com que se lida com os inimputáveis ou com aqueles que têm algumas limitações intelectuais. A recepção a Mugabe é a melhor demonstração de que o nosso Governo é racista. E se eu fosse Mugabe, sentia-me francamente ofendido.

Mas claro em tudo há sempre o elefante que entra na loja de porcelanas e que neste caso é personificado pelo sempre omnipresente José Vítor Malheiros que resolve comentar á sua peculiar maneira introduzindo a hipótese de os naturais da Covilhã ou de Faro serem menos inteligentes que os outros tugas.
Ora Malheiros parece nunca ter ouvido uma anedota sobre alentejanos porque se assim fosse tinha tido mais cuidado na comparação.
Atente-se ainda assim na pérola do seu raciocínio

As declarações de Watson não têm nada de "científico", nem nascem de "dados científicos", nem nenhum estudo científico as pode dourar a anteriori ou a posteriori …E, se derivassem de um "estudo científico", continuariam a ser civicamente inaceitáveis, porque nem o estudo seria justificável nem as conclusões seriam utilizáveis.

Temos pois que o senhor jornalista, como aliás seria de esperar, não sabe se o que o Nobel diz pode ser científico, mas sabe que se fosse nunca devia ser publicado.
É por isto que ele acha que os negros que dominam o basquetebol nos States não é por o serem mas, sei lá, porque gostam de usar calças de ganga.

6 comments:

Anonymous said...

"Que forma de inteligência você tem?

Os pesquisadores atuais, como o antropólogo Stephen Jay Gould, autor de A má medida do homem, e Howard Gardner, professor na Universidade de Harvard e autor do livro Formas de inteligência, afirmam que o teste de QI mede apenas um tipo, a inteligência lógica. Segundo eles, existiriam várias outras formas de inteligência, como a musical, a literária, a espacial e a do corpo, que não são medidas pelo teste do QI. Isso explicaria por que pessoas com baixos resultados no QI são, no entanto, extremamente bem-sucedidas."

Pois , na musical e na do corpo...branco fica lá para trás ; e na lógica , amarelo tambem vai mais à frente que branco , o provam os nipónicos e os indianos.

fado alexandrino. said...

Obrigado.
Muito bem visto.

Anonymous said...

Sempre educado o Fadinho agradece. E lá vai aprendendo umas coisinhas...quando decide ler os outros.
Ainda há quem perca tempo com o que ele escreve, pensando que ele pensa.
Haja Deus...e paciência.

Anonymous said...

Albina

Nem era preciso ancorarem-se ao racismo e politicamente correcto para contrariarem e atacarem o senhor nobel. Bastava dizer-lhe que aos 92 anos não passa de um velho do restelo com um conceito de inteligencia( e da vida) bué de atrasado.
~Inteligencia? inteligente e infeliz para mim é igual a burro.

fado alexandrino. said...

Albina disse...

Muito obrigado.
Se há coisa que eu reconheça, na minha humildade, é que com todos se aprende sempre algo.
Um conceito que manifestamente a senhora como ente superior desdenha.

Anonymous said...

E o que é que Grace Jones, na foto, tem a ver com o assunto?