21 Dec 2009

Partidas e Chegadas




Fazem-se milhares de filmes todos os anos e curiosamente situa-se em Bollywood a fábrica mais produtiva.
Desses milhares algumas centenas chegam às salas de cinema mas a maioria nunca consegue esse estrelato.
Se ainda por cima não for americano as possibilidades de não ser visto duplicam.
Deve ter sido o caso deste.

Uma mulher é abandonada pelo marido no preciso momento em que faziam o check-in para embarcarem de Paris com destino a Buenos Aires.
Foi o momento escolhido para ele a informar que tinha deixado de a amar e que queria iniciar uma nova vida num novo mundo, e assim faz embarcando.

Desesperada entra em pânico mas após dois dias de quase completa desorientação descobre que á fácil viver num terminal de aeroporto que se assemelha a uma cidade média.
Começa a fazer amizades e entrega-se a uma prostituição selectiva com homens mais velhos, muito mais velhos.
E entretanto vai telefonando ao marido e engana a irmão enviando cartas da Argentina que uma hospedeira lhe faz o favor de meter no correio.
Abreviando o marido um dia regressa com o sentimento de culpa e descobre uma verdade que aos homens é difícil de entender e aceitar.
Ela diz-lhe:

Eu já não sou aquela mulher que ficou, sou outra.

E era, e num instante o desânimo, o desespero e mesmo a sensação de impotência passa de ela para ele.
Um belíssimo filme.

Quatro anos depois
Steven Spielberg faz um filme também sobre a solidão de uma pessoa num terminal de aeroporto.
Este chegou às salas de cinema, é natural.
Comparado com o outro tem a espessura dramática de uma folha de papel vegetal.

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