15 May 2010

A cabeça das pessoas é o Universo



Não se pode escrever muito sobre este filme, para não estragar o prazer de quem o for ver.
Mas alguma coisa se deve dizer.

Um homem de cerca de quarenta anos trabalha na cave de um banco classificando e carimbando rotineiramente centenas de formulários, entra mudo e sai calado.
Vamos sabendo que na infância foi torturado física e psicologicamente pela mãe possessiva com a qual vive sozinho.
Um dia a mãe morre e ele não aguentando a sensação da perda encarna a própria mãe nas tarefas rotineiras que ela fazia.
Isto é facilitado por a casa ter um grande quintal escondido dos vizinhos, e assim de manhã levanta-se veste-se de mulher, coloca uma peruca, estende a roupa e prepara o pequeno almoço tudo rigorosamente cronometrado ao segundo.
Depois muda para ele próprio, come e vai para o banco.

Um dia acontece o desastre.
Um comboio perde um atrelado que lhe invade o quintal e os detritos atingem-no (enquanto está a representar a mãe) e desmaia.
E é assim que os vizinho a encontram e pensam que é a mulher do outro.
A partir daqui não se pode contar mais nada.
Desempenhos brilhantes prende a atenção até ao fim e a seguir ficamos a pensar muito tempo.
Não perca.

Está aqui

2 comments:

Anonymous said...

E ficamos a pensar em quê?
Há que interpretar a vida como um acontecimento em que somos postos na ribalta da mesma sem pedir que isso aconteça.
A partir do primeiro encher do nosso pulmão ganhamos uma certeza - estamos vivos e seremos responsáveis, mais cedo ou mais tarde, pelas nossas acções.
Depois, há que dar o nosso melhor, atravessando a alegria e a dôr, a perca e o ganho.
No fim, sendo que se fala muito sobre isso, ninguém opina, ninguém se faz sentir. Silêncio e paz.
Se me permite, é na procura dessa "paz" que se vive.

fado alexandrino. said...

Obrigado.

Palavras sensatas a ler duas vezes.
Espero, desejo, que veja o filme para perceber como muito do que diz está lá explicado.

Até pareço o Sócrates a fazer projectos de moradias.