19 Dec 2007

Adopte um também


Rui Tavares, quadro do Público, pode vir a adoptar um dos marroquinos que chegaram ao Allgarve.
Ele não gostou que lhes chamasse ilegais e por contraponto acha que são legais.
Ora se acha que são legais acha também que a lei que lhes chama ilegais é ilegal.
Ele dirá que não escreveu isto, só o pensou.
Eu sei que ele quando escreve o que escreve quer estar sempre do lado da lei mas aquele bichinho de esquerda que o morde por dentro nestes casos não deixa.
Ele não quer que lhes chamem ilegais e está com eles. Vamos a ver como é que vai passar das teorias aos factos.
Entretanto avança com uma ideia genial.
A imigração deixa de estar dependente do Ministério do Interior e passa para outro qualquer.
Pode passar para o Ministério da Economia porque precisamos de muitos ilegais para fazer o trabalho que os portugueses que estão no fundo de desemprego não querem fazer
E assim o ilegal deixava de o ser e passava a ser um bem, uma importação, digo eu.

12 comments:

Anonymous said...

Ah, pois. Ser ou não ser ilegal, eis a questão.
Nem sei como lhe escapou o artigo da F. Cancio de hoje.

fado alexandrino. said...

Muito obrigado.
Só leio jornais on-line e hoje (ontem) não vi nada da senhora.
Se quiser ter a bondade de indicar o link, agradecia.

Anonymous said...

Usar pessoas desesperadas pela miséria para atirar pedras a adversários políticos não é atestado de integridade de carácter para ninguém. Lembre-se de que quando retornou, melhor ou pior, deram-lhe uma mão. Pense nisso. Ilegais, sem dúvida, mas a merecer respeito.

fado alexandrino. said...

J. disse...

Muito obrigado.
Mas onde é que o senhor leu que eu não respeito estes infelizes.
Até acho que fazem prova de uma grande determinação em tentarem furar as barreira que lhes colocam.
Agora isso não os torna legais.
Ou há lei ou há anarquia.
O senhor deve escolher um dos lados.

PS. Quando retornei não me deram mão nenhuma. Mandaram-me voltar para o meu país, respondi a um anúncio de jornal e comecei a trabalhar, depois de deitar para o caixote do lixo meia vida de trabalho.

Anonymous said...

Se entendi mal o seu ângulo de visão, ainda bem e penitencio-me. Quanto à legalidade ou ilegalidade, a minha última frase é clara. Mas então alguém que lhe deu emprego não foi alguém que lhe deu a mão?! Mais a mais, tratando-se de uma época conturbada a todos os níveis no país, de uma época em que fechavam empresas todos os dias? Olhe, no meu caso pessoal e só cito isso como exemplo, aliás não guardo do que vou escrever a seguir nada mais do que a recordação do facto, tinha prometido o emprego numa conhecida empresa de venda de produtos petrolíferos, onde já tinha estado nas minhas últimas férias de estudante, para quando saísse da tropa, o que aconteceria (e aconteceu) em Julho/1974. Pois nessa altura, quando me dirigi à empresa, sabe o que é que me disse o director de pessoal? Disse-me, que lamentavam muito, mas que a comissão de trabalhadores (!)tinha decidido que de futuro só entrariam para a empresa retornados ou filhos dos trabalhadores da empresa...e digo-lhe outra coisa, pense V. o que pensar, naquela altura houve muita gente a dar a mão a quem precisou. Conheço pessoalmente bastantes casos na minha região. E alguns nem mereceram o que se fez por eles. Em casa da minha família recebemos, sem o mínimo de obrigação de o fazer, uma jovem mulata de 19 anos que nem conhecíamos pessoalmente e que era filha bastarda de um familiar nosso na altura já falecido. Teve cama, mesa, roupa lavada e algum dinheiro durante 10 meses. Deu-nos algumas chatices que fomos tolerando com a desculpa da instabilidade da juventude e da mudança repentina de vida. Um dia disse que tinha arranjado emprego em Lisboa, deixou de precisar de nós, foi-se embora sem um simples obrigado, telefonou no Natal seguinte...já lá vão 33 anos...
Enfim...malhas que o império teceu...

fado alexandrino. said...

J. disse...

Muito obrigado.
No meu caso foi apenas a sorte, a sorte de ter melhores habilitações do que os que responderam ao anúncio. Não devo, pois, nada a ninguém, muito menos aos revolucionários de Abril.
No seu caso, que lastimo profundamente, é apenas um dos milhentos dramas da descolonização exemplar e que por proibidos nunca serão contados.

Anonymous said...

Santa ignorância Alexandrino. Com que então foram as habilitações que lhe franquearam o emprego? Sorte a sua! E os quadros de adidos não funcionaram para tantos? E quem sabe se para si...Que raiva tem à descolonização!?
Aquela terra para onde tinha ido voluntariamente e de onde regressou por efeito da descolonização, por ventura pertencia-lhe? Acalme de vez essa raiva `a "Revolução" que por certo provocou mais bens que danos aos portugueses. E por favor trate de vez com essa reacionarice aguda que o acompanha.

Anonymous said...

O Sr. Fadinho ainda não conseguiu perceber que os ventos da história são invencíveis. As outras grandes potências coloniais de África já todas tinham negociado independências, nalguns casos mais ou menos aldrabadas, ou capitulado pura e simplesmente, no caso da Bélgica até pagando bem caro. Só essa potência mundial chamada Portugal, melhor, só Salazar, os seus caquéticos centuriões e os colonos mais quadrados persistiam em não querer ver o que era evidente, ainda por cima já tendo o exemplo trágico do ex Congo Belga. Salazar, por obtusidade política, por ter parado no tempo agarrado a conceitos que a evolução dos tempos, bem ou mal, tinha definitivamente condenado. Os centuriões, ainda que hipocritamente disfarçados de rectaguarda da pátria, por evidentes e variadíssimos interesses económicos directos e indirectos e os colonos por comodidade, por fé, por ignorância. O regime antes do 25 de Abril teve tudo para negociar independências que tivessem defendido os interesses de Portugal e dos portugueses de lá e de cá e não o fez. Recicle de vez essas suas teorias sobre as causas e os culpados da descolonização que não foi realmente exemplar, isso é conversa de políticos, foi a possível, só os idiotas acreditam que o sol se tapa com a peneira. O seu desgosto e a sua insatisfação são compreensíveis, o alvo das suas iras é que está errado.

Anonymous said...

Quando digo Salazar quero dizer o regime, evidentemente, porque não foi só Salazar, Marcelo Caetano seguiu-lhe a política.

fado alexandrino. said...

Anónimos:
É verdade os ventos da história são invencíveis e os capitães que durante muito tempo empurrados pelos mesmos ventos foram fazer comissões a África, ganhando bom dinheiro e mordomias, quando saiu o célebre decreto deixaram que o mesmo vento os empurrasse para o lado contrário.
Nos campanários das igrejas do pobre interior do ainda (cada vez) mais pobre Portugal podem ver-se vários exemplares dessa corrente de pensamento.
Quanto a de quem são as terras os allgarvios que se cuidem, os mouros podem vir a reclamar as mesmas (irónicamente foi por aqui que o post começou)

Anonymous said...

Ja agora qual foi a metade da vida que deixou no caixote? A da mesa farta e da criadagem?

Anonymous said...

"Quanto a de quem são as terras os allgarvios que se cuidem, os mouros podem vir a reclamar as mesmas (irónicamente foi por aqui que o post começou)"

Ja agora os nomes:"Lusitanos", "Celta-Iberos", "Visigodos" dizem-lhe alguma coisa? Nao...Pois foram descendentes de esses que foram encostados as Asturias!