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22 Jan 2007
História para criancinhas
No jornal Público escreve um senhor historiador que dá pelo nome de Rui Tavares.
No passado sábado apanhando a boleia da moda resolveu escrever sobre o referendo do aborto.
Agora estão para aí a pensar, deve ser bom de ler, uma resenha histórica do aborto desde Adão até aos nossos dias.
Mas estão enganados. Este senhor historiador é daquele género de reescrever a história, para poder contar depois muitas estórias.
Vamos então ouvi-lo:
Numa paróquia da encantadora cidade alto-alentejana de Castelo de Vide exerce um cónego que decidiu esta semana ameaçar com a "excomunhão automática" a todos os cristãos que votarem "sim" no referendo de dia 11 de Fevereiro. O nome do cónego é Tarcísio Fernandes Alves, e reparem num pormenor curioso: se em condições semelhantes um patrão ameaçasse despedir os seus empregados ou uma associação expulsar os seus associados, ninguém teria dificuldade em identificar ali um caso claro de chantagem, intimidação e constrangimento da liberdade de voto.
Sim, sim leiam segunda vez, que da primeira até dá para pensar que lemos mal.
Este senhor historiador, catedrático numa qualquer universidade perto de si ou do seu filho, acha que as pessoas que de livre arbítrio se deslocam a um lugar de culto para ouvir a voz do seu pastor, são iguais a um amanuense que recebe o pré ao fim do mês ou aos sócios do Futebol Clube do Porto com cartão, número de sócio e fotografia.
E depois, embalado não consegue travar e aí vêm mais pérolas.
Continuemos então a aprender história:
Ora não é de excluir que para muitos paroquianos de Castelo de Vide e do país inteiro seja igualmente grave a ameaça de ser expulso da comunidade dos fiéis, com todas as suas implicações terrenas e celestes, que aliás o cónego faz questão de também desenvolver, avisando já que pretende excluir da missa os abstencionistas e anunciando para mais tarde uma interdição de enterros religiosos. Colocadas no seu contexto, são ameaças sérias - caso contrário, a chantagem não funcionaria -, além de ilegais se forem repetidas em período oficial de campanha.
Chantagem?
Mas onde é que o senhor historiador terá ido buscar tão estapafúrdia ideia. Então, e apanhando o seu exemplo, se o Presidente do FCP ameaçar um adepto transviado que lhe aparece na assembleia-geral mascarado de adepto do Sporting com a expulsão da sala, isso é chantagem e deve ser proibido.
Se calhar até tem razão, mas vai ter que explicar isso muito devagarinho à claque do Super-Dragões.
Ilegais?
Então será que o senhor historiador vai querer avalizar antecipadamente os sermões que os párocos vão fazer no período eleitoral? Só pode.
No fundo isto não passa de espuma num momento em que as diferentes campanhas vêm para o terreno cheias de entusiasmo para fazerem valer as suas ideias.
O que preocupa é que este senhor é professor.Quando está a ensinar, ensinará história ou as suas estórias?
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3 comments:
O que tua ndas a ler ó Fadinho.Não te trates não!
Afinal para que lado é que queres cair ?Para o Bragannza que pensavas que te dava algum protagonismo,ou para o Fado Alexandrino em que só as miúdas te comentam. Decide-te pá!
Muito obrigado.
Aproveito-vos para esclarecer desde já uma posição.
Todos os comentários são bem vindos, critiquem ou elogiem.
A todos tentarei responder.
Quando o comentário, como os vossos, for apenas um estado de alma que nada acrescenta, faço de conta que são uma miragem e para mim desaparecem logo a seguir.
Hasta la vista, baby.
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