26 Jan 2007

A terceira mentira


Continua a gritaria em relação ao referendo sobre o aborto marcado para Fevereiro.
Como alguns se lembrarão já desmontei duas das maiores bandeiras que os adeptos do sim empunharam, a saber:

A nova lei liberaliza por completo o aborto até às dez semanas, sem que a futura ex-mãe tenha que dar qualquer justificação.

Nunca, em momento algum, de há vinte anos para cá uma mulher foi presa por abortar. Nem mesmo foram presas as parteiras que roubavam nos hospitais em que trabalhavam material para os fazer, a troco de uma modesta comparticipação de quinhentos euros.

Isto é verdade, não é publicidade.

Vamos agora desmontar a terceira afirmação/desejo.
Ela é – não devemos partidarizar a campanha, deixemos a sociedade resolver o problema.
E então para que isto seja verdade, o senhor Doutor Louça, o operário Sousa, e o talvez engenheiro José a toda a hora e a todo o momento estão nas televisões em alegres comícios (bem não podem ser muito alegres, porque fala-se de morte) a apelar ao votos dos filiados.

Deixemo-nos de hipocrisias.
Este referendo para lá do valor que terá ao demonstrar as qualidades éticas e humanas deste povinho é mais uma das muitas guerras travadas entre a direita e a esquerda.
Claro que a esquerda, que tradicionalmente consegue mobilizar o seu eleitorado gostaria que a mensagem passasse de tal maneira que a direita sentisse que este duelo não estava em jogo e assim desmobilizasse a sua actividade.

A ênfase da esquerda pode ser notado em, por exemplo, o senhor consultor em três crónicas dedica duas ao tema do aborto.
Isto até podia ter uma leitura positiva que era a de que o partido comunista acha que está tudo bem em Portugal menos este pequeno caso.
Verdade que a crónica de hoje apenas critica os argumentos do “não” sem se dar ao trabalho de enumerar as vantagens do “sim”.
Temos que ser sinceros, para o partido comunista, esta é uma luta de morte.
Farão da vitória do sim, que não se cansarão de repetir será alcançada mesmo contra o fraco entusiasmo do partido socialista, uma vitória pessoal e retumbante.

Há no entanto dois casos, protagonizados por mulheres, que lhes vão fazer engulhos.
Um é de Paula Teixeira da Cruz, conhecida esposa do dono do BCP-Millenium e pessoa graúda dentro do PSD que se lhe juntou.
Menina, por favor, agradecemos mas ponha-se na terceira fila por caridade.
O outro é Fernanda Câncio (dispensa apresentação) que hoje nos afirma

que a lei não abre excepções para meninas de 14 anos - mesmo se, aos 14 anos, nem sequer se é imputável criminalmente. O que se sabe é que a lei diz que toda a gravidez "normal" que não seja entendida como fruto de crime de violação deve ser levada a termo, com carácter de obrigatoriedade e sob ameaça de três anos de prisão.

Isto com a lei actual. E com a futura lei, como é que será, pergunto eu?


A Fernanda se sabe, esqueceu-se de pôr isso no artigo.

Nota Final: A Fernanda nas últimas seis crónicas, cinco foram sobre o tema do aborto. Estará ela de “esperanças”. Seria um milagre!

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