23 Nov 2009

Um mundo cinzento


Por motivos pessoais tenho andado muito mais em transportes públicos e nas horas de ponta (a do povinho) do que antigamente e vejo muita mais gente e do que vejo não gosto.
São momentos deprimentes, e não são tesourinhos deprimentes não senhor, são mesmo momentos de tristeza.

Caras fechadas, auscultadores nos ouvidos, jogando no telemóvel, lendo as folhitas que dão gratuitamente tudo serve para não olhar o parceiro, não olhar o mundo não olhar sequer para o próprio.
Não há um sorriso, um olhar de esperança, um brilho no olhar, não há nada só há resignação, desânimo, angústia, é muito triste.

Hoje na estação da Reboleira entrou uma rapariga novinha, com os olhos marejados de lágrimas.
Ficou mesmo ao pé de mim junto a uma porta e chorava silenciosamente, recolhida.
Olhei e vi que levava a mala aberta, disse-lho, olhou, tirou mais um lenço de papel, fechou-a e aposto que nem sequer me viu continuando na sua amargura.

Que triste início de semana.

5 comments:

dalloway said...

É realmente triste o início da semana e preocupante sentir que dia após dia as pessoas deixam o colorido para trás.

É importante não perdermos a capacidade de rirmos de nós prórpios.

via said...

anda tudo meio triste, engripado, enfim invernoso.

lenor said...

Também temos o direito de chorar de nós próprios. Mas pronto, que parece mal, parece!
:)

fado alexandrino. said...

Muito obrigado.
Sente-se, anda no ar, as pessoas começam a descrer, a temer, olham e vêm pouca esperança, pouco futuro.
Que triste país com este (sempre) triste fado.

Cristina said...

é a vida.....uns choram pra fora, outros choram pra dentro.