13 Jan 2011

Do sonho à realidade


Um velhote (na realidade De Niro tem 67 anos) viúvo recente prepara a festa do Natal esperando a chegada dos quatro filhos, dois rapazes e duas raparigas, com um empenho total levado ao pormenor de com a ajuda do gerente do mercado local escolher um vinho que impressione.
Que nada falte aos seus meninos.
Estava reformado de uma vida inteira de trabalho fazendo sempre a mesma rotineira tarefa numa fábrica de PVC para cabos telefónicos.

E é através do telefone que as más notícias começam a chegar e que se resumem a que os filhos por um motivo ou outro não podem vir à festa.
Decidido mete-se a caminho personalizando a frase de Maomé e a montanha.

A primeira paragem é em Nova Iorque onde o espera a primeira decepção pois o filho não está em casa e após dois dias de espera desiste e ruma para visitar a primeira filha que mora mais próximo no caso Chicago.
Acresce que por razões de saúde tem que viajar sempre de comboio ou autocarro.
E entretanto nós somos informado (através das conversas via telefone dos outros filhos) que esse primeiro filho está algures preso no México por uso e tráfico de droga.

O filme coloca em destaque um Pai autoritário e ambicioso com o futuro dos filhos que quer modelar e uma Mãe (agora ausente) que filtrava todas as notícias antes de este as saber. É pois com surpresa genuína que agora vai vendo uma realidade distante e até trágica das crianças (é assim que ele ainda vê os filhos) que seguiram por caminhos que ele desconhecia.
Não há, infelizmente, um único que tenha atingido aquilo para o qual ele tão duramente tinha trabalhado ao ponto de perder a saúde.

O filme podia ter atingido a perfeição se tivesse sido feito por um inglês mas os americanos não suportam o drama e lá tiveram que arranjar na medida do possível um final mais lamecha.
Corte os últimos dez minutos.
Destaque para uma cena maravilhosa onde De Niro e um outro velho se encontram como no célebre quadro Nighthawks e este comenta:

I have 3 children, 6 grandchildren. They're busy. They're too busy to talk to me. I got to make an appointment. They got lost someplace. They don't need anybody.
People changed, life is changed. Today, you shake hands with somebody, you got to count your fingers to make sure you got 5 fingers back.

Pois é.

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