19 May 2008

É aqui, em Lisboa


Uma prostituta foi assassinada por um cliente numa casa abandonada da Câmara ao Areeiro.
Há mais de dez anos que ‘Isa’ se prostituía junto ao Instituto Superior Técnico para sustentar a família. Actualmente, estava a organizar a vida, a mobilar a casa de novo. Ia largar o mundo da prostituição no próximo mês para abrir um café no Bairro do Ourives, onde residia com três dos quatro filhos – de 17, 16 e cinco anos – dois genros, uma neta de dois meses e dois irmãos. "Ela era o pilar da família e morreu de forma trágica", lamenta Jorge.

O marido conhecido pela alcunha carinhosa de Tó Boi alinhava nos seus esquemas e no início da sua carreira ia ele próprio leva-la aos mesmos.
Isilda optou por se dedicar à prostituição a tempo inteiro e conseguiu juntar algum dinheiro. Dias antes de ser morta recebeu uma quantia elevada resultante do valor acumulado do rendimento mínimo garantido. O dinheiro acabou por ser roubado pelo homicida.

(Dos Jornais)

Isto podia ser o argumento para uma telenovela daquelas de arrancar lágrimas às pedras da calçada, mas não é.
Aconteceu e os pormenores que aqui podemos ver são do mais sórdido que se podem imaginar.
A promiscuidade em que esta família vivia, e vai continuar a viver, mostra bem a degradação a que o género humano pode chegar.
Por aqui perpassam uma data de entidades que são especialistas em assobiar para o lado.
Se perguntadas, todas elas dirão que ou não sabiam, ou sabiam e não era nada com elas, ou era com elas e o assunto está a ser estudado.
É muito difícil não ter vergonha de viver num país que deixa isto acontecer.
E que vai continuar a deixar.

6 comments:

Anonymous said...

Aconselho-o a ver o filme "Feios, porcos e maus" de Ettore Scolla, que já tem uns aninhos.
E quanto a degradação humana sempre houve,cá, mssmo em tempos "compostinhos": pais violadores, maridos chulos, sopeirinhas de 10 anos empistoladas pelo patrão e filhos machos. Só que a imprensa estava sujeita ao "exame prévio" e Net estava no Futuro.

Mas, acho mal essa de enviarem quantias acumuladas de "rendimento mínimo" a gente que vive e~m meio marginal. Provavelmente o "cliente" até pertencia ao "meio" em que a vítima se movia.

O que demonstra que não basta ter só peninha oficial. É preciso fiscalizas; e saber que os "pobrezinhos" e marginalizados, aldrabam as declarações e papéis e são na sua dimensão tão trafulhas e mentirosos como os de "colarinho branco".

fado alexandrino. said...

Conheço muito bem o filme que é realmente um portento a retratar toda aquela miséria humana.
Aqui (neste caso) ninguém está inocente.
Era isso mesmo que eu queria dizer e que V. apontou e muito bem.

tonta said...

Há pilares assim torcidos, que mantêm a estrutura que suportam caótica, mas são tão fortes que é muito difícil remodelá-los para melhorar a estrutura, se fosse possível.

fado alexandrino. said...

Uma imagem muito curiosa e bonita.
Confesso nunca o tinha visto por esse prisma.
E assim, parece que o mais correcto é dinamitá-los.

Anonymous said...

Pois é...há por aí muito disso apoiado pelo rendimento mínimo sacado ao suor de quem trabalha. Se houvesse o cuidado básico de só atribuir o tal rendimento mínimo a pessoas COMPROVADAMENTE (e com muito rigor) incapazes de angariar meios de sustento e obrigar os beneficiários (também com RIGOROSAS excepções) a ocupar o tempo em contrapartidas adequadas à sociedade, talvez a actividade da infeliz senhora não bastasse para manter a malandragem toda lá de casa a viver à pala...

Isabela Figueiredo said...

Ia escrever qualquer coisa mas apaguei. Não sei o que dizer. Não terá força. Sinto mais do que sou capaz de dizer agora.