Aviso
O texto que se segue é pura ficção e trata-se de uma experiência de autor para um film noir a estrear nos cento e vinte anos do Manoel.
Um dia numa cidade muito distante um pobre desgraçado sai de casa para ir trabalhar como varredor de ruas.
Tinha 47 anos e sonhava com o dia em que se reformaria com 327 euros e depois pudesse arranjar um biscate para poder ir morrendo decentemente de fome.
Ia conversando com os colegas de profissão e eis senão que do nada surgiu um carro que galgou o passeio onde ele caminhando apanhou-o de costa e matou-o.
Para o filme se tornar um pouco mais dramático e não vá a vida imitar a ficção decidi que ele tinha mulher e duas filhas sendo uma menor.
Agora um belo close-up e foquemo-nos na outra personagem.
Jovem conduzia um carro roubado não tinha carta e o próprio carro não tinha seguro.
Após o atropelamento seguido de fuga, o artista, que conduz um Volkswagen Polo e estava na companhia de um colega, tem um acidente junto à feira da Senhora do Minuto e foge a pé.
Para aumentar o drama do filme vamos imaginar que conta com antecedentes criminais por furto de veículos, assaltos a residências, carjacking, estando as autoridades convencidas que integra um gangue.
Depois do intervalo para se beberem umas cervejolas e comentar o último namorado daquela senhora que aparece nas revistas voltemos aos nossos lugares.
Pois bem o jovem não fez isso e não regressa a lugar nenhum.
Pelo contrário contracta uma advogada bem experiente que sabe muito bem as manhas que naquele país se inventam para não punir os criminosos e guardar todas as forças para que o fisco (e os condutores loucos) possa abater os cidadãos.
E ela sabe que é preciso apresentar arrependimento.
Assim fizeram, apresentaram-se numa esquadra com o mesmo e mais o bilhete de identidade e saíram com uma coisa esquisita que naquele país se chama TIR.
E é com um camião cheio de aplausos que assim espero o público no fim se levante a consagrar o meu filme.
É para Óscar.
O texto que se segue é pura ficção e trata-se de uma experiência de autor para um film noir a estrear nos cento e vinte anos do Manoel.
Um dia numa cidade muito distante um pobre desgraçado sai de casa para ir trabalhar como varredor de ruas.
Tinha 47 anos e sonhava com o dia em que se reformaria com 327 euros e depois pudesse arranjar um biscate para poder ir morrendo decentemente de fome.
Ia conversando com os colegas de profissão e eis senão que do nada surgiu um carro que galgou o passeio onde ele caminhando apanhou-o de costa e matou-o.
Para o filme se tornar um pouco mais dramático e não vá a vida imitar a ficção decidi que ele tinha mulher e duas filhas sendo uma menor.
Agora um belo close-up e foquemo-nos na outra personagem.
Jovem conduzia um carro roubado não tinha carta e o próprio carro não tinha seguro.
Após o atropelamento seguido de fuga, o artista, que conduz um Volkswagen Polo e estava na companhia de um colega, tem um acidente junto à feira da Senhora do Minuto e foge a pé.
Para aumentar o drama do filme vamos imaginar que conta com antecedentes criminais por furto de veículos, assaltos a residências, carjacking, estando as autoridades convencidas que integra um gangue.
Depois do intervalo para se beberem umas cervejolas e comentar o último namorado daquela senhora que aparece nas revistas voltemos aos nossos lugares.
Pois bem o jovem não fez isso e não regressa a lugar nenhum.
Pelo contrário contracta uma advogada bem experiente que sabe muito bem as manhas que naquele país se inventam para não punir os criminosos e guardar todas as forças para que o fisco (e os condutores loucos) possa abater os cidadãos.
E ela sabe que é preciso apresentar arrependimento.
Assim fizeram, apresentaram-se numa esquadra com o mesmo e mais o bilhete de identidade e saíram com uma coisa esquisita que naquele país se chama TIR.
E é com um camião cheio de aplausos que assim espero o público no fim se levante a consagrar o meu filme.
É para Óscar.
5 comments:
Este país só tem o que merece. Antes de dar um tiro nesses fdps, teríamos de liquidar todos os pseudo-humanistas que nos governam.
Se o gang for multirracial, com certeza vai arrancar muitos elogios da esquerda. Um sucesso portanto...
Muito obrigado.
Não consigo discordar.
Mas, enfim, é preciso começar por algum lado e estes estão mesmo à mão.
Ao seu post (excelente), eu acrescentaria a dedicatória: a todos os pais do novo Código Penal, do ministro da justiça aos deputados que o aprovaram.
Script demasiado neo-realista para o Manoel, que nos dá sempre umas tragédias mais sofisticadas na Morte. Talvez mais adequado para o João Botelho da época de "Tempos Difíceis". Estas coisas devia ele filmar em vez de putefices carolínicas.
Mas, a Justiça neste país está patética. Aliás, sempre assim foi. Desde o Gil Vicente que mandava o Juíz para a "Barca do Inferno", até aos Tribunais do Santo Ofício (Inquisição), aos Tribunais Plenários do Estado Novo. No que diz respeito à Justiça, Camões enganou-se "Não se mudam os tempos nem as vontades" (modificação minha).
Mas, pensemos nas aústrias e outros países onde se apagam registos criminais pedófilos e de violação; no Senegal onde se queima gente por bruxaria; na África do Sul onde os "+pobrezinhos" torturam e matam outros mais pobres do que eles.Para não falar em muito mais genocídios e horrendos crimes por esse mundo além.
Tanto script de filme de terror em que a realidade, como diz, ultrapassa largamente a ficção mais crua.
Muito obrigado.
Realmente é dificil habituarmo-nos a estes "Modern Times".
Chaplin havia de gostar de estar por aqui.
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