22 Jul 2015

Folhetim

Judite Sousa está descompensada, não logra fazer um luto pacificador.
Merece carinho e compreensão, mesmo quando confunde conceitos de jornalismo, noções que nunca terá aprofundado devidamente.
Do mesmo mal padece a sua administradora espanhola, sem que tenha outra atenuante para lá das diferenças profundas entre a independência do jornalismo, que é a matriz cá; e o servilismo aos projetos políticos, que caracteriza a comunicação do outro lado da fronteira

Octávio Ribeiro - Correio da Manhã

A jornalista em questão foi encontrada inconsciente no sábado em casa.
É uma figura mais que pública, já deu entrevistas a todas as revistas cor-de-rosa, azuis ou verdes que haja por cá, trabalha em televisão onde foi e é figura central dos canais mais importantes, mas o assunto não interessou aos jornais.
Imaginemos o que teria sido se fosse a filha, a mulher, a neta, a sobrinha, a empregada doméstica de qualquer membro do Governo.
Só o Correio da Manhã se interessou pela notícia.
Que aliás lhe dizia respeito, porque aparentemente a causa desta "intoxicação alimentar" foi uma reportagem sobre o ensino superior do CMTV onde aparecia, misturado com outros alunos, o filho falecido recentemente.
Judite acha que lhe devem o decoro que ela negou e voltará a negar aos outros, por causa do superior interesse da notícia.
A maioria dos jornalistas também acham que a colega tem um estatuto especial que eles com a maior das calmas negam aos outros.
É um mundo estranho, não é?

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