14 Jul 2015

A estupidez em forma de gente

 
Teria sido mais honesto se Angela Merkel e Wolfgang Schäuble tivessem enviado os tanques alemães invadir a praça Syntagma e tornar a pilhar abertamente a Grécia como o fizeram as tropas nazis há setenta anos. Mas o que a Alemanha e os seus cúmplices fizeram tem menos riscos e é mais lucrativo. A guerra de hoje ganha-se com “banks instead of tanks”.
 

O que a Alemanha fez, sob a direcção de Schäuble, a aquiescência de Merkel, a cumplicidade gananciosa de meia dúzia de países e a assistência de uns quantos servos solícitos como Passos Coelho e a hesitação de uns políticos medrosos, como Hollande e Renzi, foi a ocupação da Grécia e a substituição do que restava de democracia por uma ditadura financeira. Não foi uma ocupação militar, mas foi uma ocupação, que roubou a Grécia da réstia de soberania que lhe sobrava.
A vergonhosa “unanimidade” que Donald Tusk não se cansou de sublinhar é a expressão dessa dominação alemã. Nem Hollande nem Renzi, depois de todas as suas tentativas para adoçar o pacote de austeridade, ousaram levantar o dedo mínimo para contestar fosse o que fosse. A União Europeia são 28 e no fim obedece-se à Alemanha. O EuroGrupo são 19 e no fim e no princípio obedece-se à Alemanha. Dr. Strangelove rules.
 
Não interessa se é por convicção de superioridade genética, se por contágio cultural ou por orientação ideológica, mas a verdade é que a Alemanha não consegue ultrapassar a sua vocação “Deutschland über alles”. Bismarck, o Kaiser Wilhelm, Hitler ou Merkel não viram e não vêem razão para a Alemanha não estender o seu poder aos povos inferiores do norte, do sul, do leste e do oeste e não percebem por que razão estes resistem. A Alemanha não consegue viver entre pares porque se sente superior aos seus pares e não percebe por que raio deve respeitar os inferiores.
 
Este imbecil nem sequer conseguiu compreender o filme de Kubrick.

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