21 Nov 2010

Binoche sempre mágica


Numa pequena cidade italiana chega um escritor para apresentar o seu livro.
Na fila da frente estão dois lugares reservados e já durante a apresentação chega uma mulher que lá se senta.
E essa mulher convida o escritor para dar um pequeno passeio pelo campo para lhe mostrar algumas das belezas de Itália, e leva-o a uma pequena localidade onde aparentemente há uma igreja especializada em casamentos felizes.
E a conversa entre ambos durante o percurso de carro ( é no diálogo que está a magnificência deste filme) oscila entre o despreocupado, o trivial de sociedade e a pequena tensão.


(Spoiler ).


Afinal são marido e mulher com quinze anos de casamento à beira da ruptura e cada vez a conversa vai sendo mais amarga e as recordações esbatidas ao ponte de ele nem sequer reconhecer o hotel onde tinham passado a lua de mel.
As recriminações mútuas sucedem-se as pequenas agressões verbais são como alfinetes a espetaram-se mutuamente.
Imaginemos um livro que é lido vezes sem conta durante quinze anos, manuseado sem cuidado, as páginas dobradas para marcar onde se fica, riscadas com apontamentos, uns borrões e algumas manchas de gordura e por fim até algumas rasgadas para embrulhar uma coisa qualquer.
Só um grande amor pode continuar a relê-lo. Não foi o caso.
A Binoche tem aqui uma interpretação que só por ela valeria o filme.
Também não é o caso.
Quem quiser ler uma análise intelectual do filme e uma entrevista com o realizador compre o Expresso da última semana.

Está aqui

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