5 Jun 2007

Lá vamos, cantando e rindo


Portugal já foi um grande país.
Foi grande no tempo das descobertas, era grande no tempo das províncias ultramarinas.
Mas houve sempre portugueses pequeninos e esses conseguiram reduzir essa antiga grande nação ao que hoje somos.
Uma coisa com gente cá dentro em forma de cagadela de mosca no mapa da Europa.

O programa Prós & Contras de ontem, sobre a Ota, mostrou de forma exemplar toda a megalomania que avassala aqueles que detêm o poder de gastar o dinheiro dos outros, para deixar obra.

De um lado Augusto Mateus, do outro Eduardo Catroga, dois políticos que já estiveram em funções governativas e que hoje estão colocados numa das centenas de sinecuras que eles próprios foram criando ao longo dos anos.
Lado a lado com dois técnicos que claro está com os mesmos dados conseguem ver duas coisas diferentes, uma muito boa coincidindo com a sua opinião e outra muito má, aquela sobre a qual não deram nenhum (muito bem pago) parecer.

Vale a pena acrescentar que a dona do programa esteve igual a ela mesmo.
Muito contentinha, gabando à exaustão o formato e ameaçando pôr no olho da rua, ela dizia evacuar, quem se continuasse a manifestar.

Não vale a pena estar aqui a reproduzir os delírios que ontem se ouviram, até porque num programa sobre um aeroporto, a primeira vez que se conseguiu ouvir uma opinião técnica de alguém que sabe o que diz passava da uma da manhã, foi um comandante reformado (daí o poder falar livremente) e arrasou a operacionalidade conforme o relatório mostra desde sempre, e eu próprio me fiz eco.

Houve no entanto uma frase que merece destaque, e por piedade, não vou escrever quem a disse.
Então é assim:
O TGV vai trazer muitas pessoas de Espanha, para embarcarem no novo aeroporto na Ota.E já agora outra, para fazer um par de duques.
É preciso que o TGV não termine na Gare do Oriente mas sim no centro bem perto dos melhores hotéis.
Provavelmente com um ramal para as suites, digo eu.

Portugal precisa do TGV? Não.
Portugal precisa de um novo aeroporto megalómano, para concorrer com Madrid, Londres, Frankfurt? Não só não precisa, como isso nunca acontecerá.
Portugal precisa que as capitais de distrito estejam todas ligadas por auto-estrada?
Sim, precisa disto e de muitas mais coisas.
Mas acima de tudo, precisa é de uma nova classe dirigente.
E donde há-de ela vir?
Pois, o ideal seria num avião da Ibéria da Lufhtansa ou mesmo da Virgin.
Que aterre na Portela ou no Montijo.

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