10 May 2015

Ainda a greve na TAP (se calhar fase 1)


Terminou a greve dos dez dias.
Segundo as entrevistas no aeroporto aos irados passageiros, incluído franceses onde as greves são diárias, foi uma tragédia e causou transtornos a milhares.
Segundo a TAP só não se realizaram 30% dos voos. (*)
Não se compreende.
Segundo a voz popular a TAP não faz falta nenhuma na Europa porque as low cost voam para todo o lado a melhores preços.
Havia o problema dos Azores e Madeira.
Começaram a ser servidas pelas mesmas e continua a não se perceber porque é que continuam a insistir em voar em companhias mais caras.
Resta África e o Brasil.
Nos serviços mínimos foram determinados voos para aqueles países e segundo muita opinião também voam pelo menos para o Brasil companhias suficientes para evitar transtornos.
Então onde é que esteve o problema?
Então porque é que tanta gente quer que a TAP continue pública?

(*) Estes números são uma trapalhada. Falta decompor entre voos obrigatórios e feitos pelos pilotos que não aderiram à greve.

Na imagem, decalcomanias para colar num A350.
Use-as, talvez os reais nunca cá cheguem.
Tem uma adenda para o senhor Tavares

A propósito da greve dos pilotos da TAP temos assistido a um violento ataque ao direito à greve.
Não me vou pronunciar sobre as razões desta greve e se, objetivamente, a mesma facilita ou dificulta o processo de privatização da TAP - o que verdadeiramente deve preocupar os portugueses. Mas não posso aceitar que, 40 anos depois, se ponha em causa aquilo que é um direito consagrado constitucionalmente.
Nas relações laborais o campo está sempre inclinado para o lado do patronato, que tem mais poder do que os trabalhadores. As políticas governamentais, que se consubstanciam em diversos "pacotes laborais", têm contribuído para inclinar ainda mais esse campo. O aumento do desemprego também agravou esta relação de forças, com trabalhadores a aceitarem perdas de direitos, dado que, como diz um cunhado meu, operário de calçado, à porta da empresa há dezenas de "Ronaldos" (operários especializados) disponíveis para trabalhar por valores mais baixos...
A greve é, assim, um direito dos trabalhadores. Os quais, no entanto, para o exercerem sofrem na pele as respetivas consequências: perda do salário do dia de greve e "marcação" por parte do patronato. Por isso a sua utilização tem de fazer "mossa" nos interesses do patronato. Seja ao nível dos seus lucros, seja ao nível da imagem da empresa, seja ao nível do clima de "paz social" que, existindo, contribui para o aumento da produtividade. Quando a greve é num setor de serviços naturalmente que os seus efeitos são também sentidos pelos utentes desses mesmos serviços. E há greves contra decisões políticas. Como as greves gerais, a que eu sempre aderi. Não contra a minha entidade patronal, mas para mostrar ao Governo o meu desacordo com as suas políticas. Dizem agora que as greves prejudicam as empresas e o país que necessita de recuperação económica. Mas quem o diz são os mesmos que encolhem os ombros à transferência da sede de empresas para paraísos fiscais para que os lucros não sejam taxados. Ou que apostam na descida do IRC e no agravamento do IRS, numa opção de classe evidente.
Como diz o Sérgio Godinho, os que atacam, agora, o direito à greve são aqueles que defendem "greve só das seis e meia às sete, em frente ao cassetete"! Haja pudor!
Rui Sá Jornal de Notícias.

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