19 Apr 2014

Uma profissão que é uma arma

Na versão jornalista

Hoje vou contar um drama que felizmente terminou bem.
Era uma vez o senhor Nuno Saraiva, ilustre subdirector do famoso e querido Diário de Notícias que escreve muitas crónicas contra os malandros dos políticos, outras lastimando o desemprego e muitas mais outras carpindo a mágoa da extrema pobreza que há em Portugal.
São crónicas muito difíceis de fazer, porque nada disto é do conhecimento pessoal.
O que é do conhecimento pessoal é que uma noite saiu com o filho o qual tem carro, estuda para advogado, tem conta bancária, joga no Euromilhões e acredita nos santinhos.
Como é que sabemos isto?

Porque o jovem num momento de distracção perdeu a carteira que tinha tudo aquilo e segundo o babado pai também muito lixo.
Foram à esquadra fazer queixa.
Como era ao fim de semana e havia pouco para fazer, os senhores agentes (uns madraços) disseram que era melhor esperar dois dias.
Nem pensar, feita a queixa chegaram a casa às quatro da manhã (e aposto com a mãe toda aflita).
No dia seguinte recebem um telefonema de uns jovens que muito conscientes tinham encontrado a carteira e a tinham entregado na polícia.
Contactada a polícia não tinham a carteira.
O filho do senhor Nuno desesperado vai até à esquadra, é recebido por um comissário que volta a dizer que a carteira desapareceu.
O filho do senhor Nuno telefona ao pai.
O que faz este, muito aborrecido?
Vamos dar-lhe a palavra.
Incrédulo e indignado com a história que me estava a ser contada, faço alguns telefonemas. E algumas conversas depois o meu miúdo liga-me. "Parece que já apareceu, mas só acredito quando vir", diz-me, desconfiado. A arrogância e a indiferença iniciais dos polícias pareciam ter dado lugar ao esmero e à diligência. E volvidos poucos minutos a carteira é entregue, com promessas de inquérito interno e processo disciplinar aos agentes envolvidos.
Moral da história.
Estudar para advogado não chega para argumentar com um polícia.
Ter um pai jornalista, subdirector, é muito bom.
É melhor do que ter como pai um ilusionista.
Este faz desaparecer carteiras, o outro com uns telefonemas (para quem foi por modéstia o senhor subdirector não diz) faz aparecê-las.
Que se escreva que se usou um poder dado por uma profissão para se obter uma solução parece normal nesta querida Tugulândia.
Agora na versão Pai
 

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