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11 Oct 2010
Para Rita F.
Há filmes que quando terminam nos deixam numa sensação de absoluta paz e nos fazem acreditar na bondade humana.
São raros é verdade como raras são estas sensações.
Este é um deles.
Não tem praticamente diálogo, não tem uma única cena de sangue, sexo ou violência, não tem nenhum marido ou mulher traídos, as contrariedades da vida são encaradas com absoluta elegância, esta é aliás a maior qualidade deste filme, tudo é elegante, tudo é discreto, afinal é um filme passado na sua metade em Londres anos 50 e a outra metade com uma nova iorquina cujo maior desejo era viver em Londres.
Conta-se numa penada.
Uma leitora ávida de grandes e raras obras descobre consternada que não são artigos que interessem particularmente aos livreiros americanos nem mesmo aos da Big Apple.
Procurava entre outras jóias a Bíblia em Vulgata Latina quando descobre que numa pequena rua de Londres há um antiquário que parece ter isto e muito mais.
O filme resume-se às cartas que começam a ser trocadas entre ela e um dos empregados do antiquário.
Uma empatia extraordinária acontece e não tarda nada que ela comece a enviar pequenos embrulhos com coisas rotineiras que no pós guerra não se encontravam, por exemplo fiambre verdadeiro.
Como verdadeiras eram as primeiras edições que começam a vir de Londres para a cada vez mais estupefacta americana que se delicia primeiramente em apalpar e cheirar os livros antes de ousar abri-los.
É um poema a todos aqueles que adoram ler e que adoram rabiscar os livros (o que ela faz)ela que afirma gostar mais de um livro em segunda ou terceira mão do que novinho em folha e explica e bem porquê.
Não tem a ver com livros, mas há um momento tocante no filme, quando da coroação de Isabel II começa a tocar o hino e o empregado que se tinha reunido com alguns amigos e familiares em frente à televisão, levantam-se.
Era assim a Inglaterra.
O desempenho destes dois monstros sagrados do cinema é absolutamente tocante.
Baseado numa história real .
Está aqui e aqui.
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4 comments:
É extraordinario como concordo com tudo o que diz Fado. Estava longe de ler acerca deste filme e pensar sobre ele, mas ainda bem que passei por aqui caso contrário perderia uma descrição que chega a ser... poetica.
Muito obrigado, as suas palavras são Centrum para o ego.
Ups! só agora reparei que é um post especialmente para Rita F.
* mas não retiro nada do que disse ainda para mais sabendo que o Fado recebeu a dose diaria recomendada de vitaminas :)
Rita F. é uma fantástica desconhecida ( como a senhora) que escreve estupendamente bem e cujo blog recomendo vivamente.
Foi aliás por causa de uma entrada, esta:
http://ruadaabadia.blogspot.com/2010/10/reencontros.html
que este post nasceu.
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