21 Apr 2010

Mais importante é ser amado

Pode uma mulher amar dois homens?
E dois homens podem amar essa mesma mulher?
Sim.

Uma actriz em fase de decadência com cerca de trinta e tal anos (na realidade Romy aqui tinha 37) está reduzida a fazer papeis em filmes de soft-porno.
A cena inicial é fantástica.
É necessário que num cenário decrépito se aproxime de do seu amante que está todo besuntado de tinta vermelha fingindo sangue se ajoelhe sobre ele e enquanto lhe repete que o ama, tenha uma relação sexual.
Durante a cena aparece no estúdio um fotógrafo que começa à socapa a tirar umas fotos.
Quando ela o vê sussurra:

Não faça fotografias, por favor. Sou uma actriz. Sei fazer bem as coisas. Isto, faço-o para poder comer. Não tire fotografias.

É uma cena brutal.

A outra parte do triângulo é o marido, um sonhador que vive no meio de centenas de fotos e posters sobre cinema e cujo tempo livre é passado a ver filmes e que assiste passivamente à conquista da sua mulher pelo Outro.Num momento do filme ele pede-lhe para se encontrarem no dia seguinte num café, aquele café onde tinha começado o envolvimento amoroso.

Sabes qual é a coisa mais imunda? A mais repugnante?
- Não.
- A piedade.
Porquê?
Porque não há saída. Sei bem o que pensas de mim. Sei o que pensas de todas as minhas asneiras. Há uma palavra para isso.
Uma palavra.
Encontrei-a no meu Robert, brochado em couro com dourados: O desprezo.

Não se pode adiantar muito sobre o resto da história, apenas que Romy compõe um papel muito amargurado e onde a desilusão vai aumentando dia a dia, acontecimento a acontecimento.
A vida (a real) já lhe estava, como quase sempre esteve, a dar grande desgostos.
Morreu sete anos depois.
Tão triste.

Está aqui

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