Sempre em últimos

Não sabe como é que há-de passar o tempo quando vai a um centro médico marcar uma consulta?
Vamos dar-lhe uma ajudinha.
Sente-se porque vai esperar muito e muito tempo e depois responda à seguinte pergunta:

Quando é que Portugal vai tomar uma decisão sobre a independência do Kosovo?

Quando estiver concluída a CRIL.
Quando José Mourinho for treinador do Barcelona.
Quando Alberto João Jardim deixar de ser o Senhor Presidente.
Nunca.

Agora boa sorte para a sua consulta.
Não se esqueça de que se tirou a senha número oito já não vale a pena esperar.
Acabaram as vagas.
Volte amanhã um bocadinho mais cedo, sei lá, às cinco horas?

O rapaz de Cabul

There is only one sin, only one. And that is theft. Every other sin is a variation of theft... When you kill a man, you steal a life. You steal his wife's right to a husband, rob his children of a father. When you tell a lie, you steal someone's right to the truth. When you cheat, you steal the right to fairness.

Do realizador de Monster’s Ball outra obra que igualmente dá um murro no estômago.
A história do Afeganistão desde a invasão pelos russos até à tomada do poder pelos talibans.
Contada e vista pelos olhos de uma criança que se tornou adulta num país estrangeiro.
Não deixa de ser curioso observar que o realizador demonstra que uma comunidade quando expulsa do seu país nunca perde a sua identidade.
Integra-se pouco e mal.
E mesmo as castas nunca são esquecidas mesmo no país da oportunidade.
São duas horas de pura magia.

Trust me.

Use uma peneira

O amor é a coisa mais bonita que há no Mundo.
A doutora Fernanda Câncio sofre deste problema.
Ama.
Já outro dia tinha escrito uma crónica lindíssima a explicar que a criminalidade tinha baixado em Portugal.
Hoje ataca o vídeo.
Não propriamente aquilo que ele mostra.
Não aquilo que ele sugere.
Simplesmente não gosta que ele tenha sido mostrado e mostrado e mostrado.
É natural, olhos que não vêm coração que não sente.
É assim o amor.

Cátias Vanessas

(clique no título para ler a notícia)

Hoje temos outra Cátia, mas esta é mesmo verdadeira.
O problema dela não foi o telemóvel.
Foi o ter dezanove anos e um namorado louco que tinha conhecido na Internet.
E que lhe fez um filho.
Mas ela já tinha outro de três anos de um relacionamento anterior.
E desentenderam-se.
Agora está no Hospital de Cascais à espera de morrer com duas balas na cabeça.
Ele já morreu com um tiro que deu na cabeça, onde o que menos devia ter eram miolos.
Amanhã, tenho a certeza, vai aparecer outra Cátia e mais outra e mais outra.

Nem coram

Vital Moreira foi um famoso comunista.
Hoje apoia Sócrates.
Dá aulas em Coimbra e confessa em privado que o seu maior sonho, entre pareceres, é parecer isento quando elogia o governo.
No Público, enrola um texto em várias considerações para provar que estamos todos errados quando pensamos que isto vai de mal a pior.
Não vai, na sua opinião, e quando parece ir, lá fora é pior.
Então lembrou-se de que:


Qualquer acontecimento mais grave é transformado numa demonstração inequívoca da nossa incapacidade e da nossa condenação. Por exemplo, há anos a queda da ponte de Entre-os-Rios mostrou a irremediável irresponsabilidade nacional. (Entretanto, caíram pontes em vários outros países, incluindo nos Estados Unidos).

Para lá da sem-vergonhice que é insultar a memória dos que morreram, Vital esquece-se que, com as leis que ele e outros ajudaram a fazer, não se conseguiu encontrar um único culpado para o desastre que aconteceu
Não foi irresponsabilidade nacional foi vergonha nacional.
Para os que a têm.

August Rush

Eu a escrever música é como uma porca a mijar - Mozart

Um pastelão, uma xaropada que vai arrancar lágrimas do calhau mais resistente da calçada.
Abandonado à nascença este Mozart da época moderna acaba a reger a Filarmónica de New York.
Tem música a rodos e alguma até bem aceitável.
Agora o que não pode deixar passar-se sem uma nota (nem de propósito), é a presença da belissima Keri Russell e a sua maravilhosa, e em fogo, cabeleira.
Vê-la é compreender por que é que os talibans querem as mulheres com a cabeça tapada.

Se for ver, leve Kleenex.

Isto só lá vai à porrada!

A professora que se envolveu numa disputa de um telemóvel com a sua aluna encontra-se no topo da carreira e regressou recentemente à escola depois de ter sido durante anos coordenadora do Parlamento Europeu dos Jovens.
in Público

Neste episódio da luta livre entre a aluna e a professora filmada para a Internet há um ou outro pormenor que ainda não vi analisada na imprensa.

Primeiro tratava-se de uma aula de francês. Ora isto está errado, de francês aquela aluna e outras só querem conhecer o french kiss. Estas aulas perfeitamente inúteis devem ser substituídas por reuniões cívicas onde se discutam os últimos toques de telemóveis, o seu preço e como fazer os downloads.

Depois os intervenientes.

A Cátia Vanessa estava aborrecida na aula e queria telefonar. Ora o que temos que saber é o que é que ela quer ser na vida. E para isso precisa do telélé. Ela ambiciona ser modelo. Se não der, quer entrar nos Morangos com Açúcar. Se também não der, tem direito ao subsidio de reintegração social e com esse dinheirinho já pode ir às ladies night para ver se encontra um lorpa.

Vamos agora ver a outra lutadora.
Não estava preparada.
Há longos anos que não entrava num ring numa sala de aulas. Franzina, velhota (a acreditar nas palavras do realizador) só sabia dar aulas, sentada no gabinete a produzir belos relatórios.
Tinha que perder e perdeu, mas ganhou pois agora vai ser de bandeira dos outros professores que já tinham tido também lutas deste calibre.

A Cátia também vai lucrar. Gorducha, para modelo não serve mas não tarda nada vai dar uma entrevista à TVI e depois é só mais um passinho.

Força gandula!

Stanley

Do grande mestre duas obras sobre temas diferentes e que em comum têm o serem fitas indispensáveis.
Curiosamente dei-me conta que tem uma analogia com o vinho do Porto, melhoram com a idade de quem os vê.
Foi com extrema alegria que os voltei a ver e deixo-vos com uma parte do diálogo de Lolita e que mostra como com este mestre tudo, mas mesmo tudo era impecável.

Humbert Humbert: tenta ensinar os movimentos de xadrez à mãe de Lolita quando ela pergunta:

You’re going to take my Queen?
That was my intention, certainly.

E foi!

Força meu!

Gosto do homem que nos governa.
Foi ontem ou anteontem já não me lembro, ao parlamento e colocou a oposição em sentido.
Deu uma prenda aos maiores de 65 anos e como todos, um dia, os vamos ter (aos que não chegarem lá desculpem qualquer coisinha) isto é bom.
Gosto deste homem.
Pode não saber o que faz, mas fá-lo com determinação.

La Piscine

Acabado de rever.
Maurice Ronet, Romy Schneider, Alain Delon e Jane Birkin.
Um verão escaldante.
Lembrava-me muito vagamente do filme que tinha visto quando era jovem, apetecia-me acrescentar belo, mas seria uma rotunda mentira.
Paciência fica para a próxima reencarnação.
Romy, como sempre o foi, luminosa.
Esta é uma palavra que só se pode empregar com mulheres.
Só que fosse por ela teria valido a pena mergulhar nesta piscina.

Sim, apoio!

Sobre a possibilidade de mais duas proibições em Portugal, Nuno Pacheco escreve hoje no Público:

“Pior: antes de restringir ou impor regras aos bichos, talvez fosse melhor impor regras aos donos. Tal como antes de proibir os miúdos de usar piercings em zonas sensíveis talvez fosse melhor fiscalizar quem os faz, sensibilizando pais e jovens para eventuais riscos. De contrário, o Estado passará, nominalmente, a ser dono de parte do corpo dos cidadãos até aos 18 anos. Será isto normal?”

Pode não ser normal, mas é necessário.
Se alguns pais e alguns donos se demitiram do respeito que devem à sociedade quer educando os filhos quer educando os cães, não respeitando nenhuma das leis em vigor, o Estado tem o dever de proteger os outros cidadãos.
Se não se consegue que uma Lei seja respeitada, é necessário cortar o mal pela raiz.
É tão simples quanto isto.

Vai pra Nobel

«Conto tudo porque estou farto desta gente hipócrita que vive no luxo rodeada de mentiras e a enganar os pobres de espírito deste Portugal dos pequeninos. E se não querem saber não comprem, porque daqui só levam verdade, ou não fosse eu Bastos, Paulo Bastos!»

No dia em que Paulo Bastos, o mais temido e popular cronista social, aparece misteriosamente morto no seu apartamento, o mundo dos famosos entra em estado de choque. Quem terá silenciado o jornalista que anunciava na sua última crónica que ia contar tudo sobre as mais famosas tias de Portugal?

Teresa Campos, directora da revista Rosto; Marta Barros, uma lojista aspirante social e amiga de Alexandra Drummond, uma relações públicas nascida em berço de ouro e lésbica; Helga Carvalhosa, capaz de tudo para aparecer na capa de uma revista e Bibi Galvão, a tia mais antiga de Portugal, que tenta esconder as dívidas que acumula, perante o olhar crítico do filho.

Todas viram Paulo Bastos na noite em que morreu.

E todas escondem um segredo.

Alfredo Rocha, inspector de polícia, tem a difícil tarefa de descobrir o assassino.

Cláudio Ramos apresenta-nos Geneticamente Fúteis, um retrato social, onde o mistério e a intriga se cruzam com uma crítica mordaz ao mundo do social de que o próprio autor faz parte. Trata-se de um exercício de reflexão sobre o universo cor-de-rosa português - das festas, aos casamentos, das revistas, aos vestidos -, feito com humor e ironia.

in Revistas Cor de Rosa Desmaiado

Ia para comprar mas esgotou a primeira edição que era de cento e cinquenta exemplares toda oferecida ao jetset.

Não vou desistir.

Adoro uma visão feminina sobre os grandes problemas sociais.

Burquina-Faço

Associação que tinha viatura acidentada ainda não possuía alvará para transportar doentes

Entidade Reguladora da Saúde reconhece que não existe fiscalização eficaz no transporte de doentes

O responsável não soube precisar se a viatura em causa já tinha sido vistoriada, nem se a mulher que a conduzia tinha o curso de tripulante de ambulância de transporte, como exige a lei.

A agência Xpto noticiou ontem que a ambulância não está registada no Instituto de Seguros do País Inviável.

Não existe, na prática, fiscalização eficaz no transporte de doentes", concluiu um relatório da Entidade Reguladora da Saúde (ERS) de Março de 2007.

A última apólice registada na base de dados das seguradoras referente à matrícula da carrinha sinistrada data de Dezembro de 2007, mas foi anulada por falta de pagamento, ainda de acordo com a agência Lusa. Por outro lado, fonte do processo explicou que a carrinha ainda está registada na conservatória do registo automóvel como viatura de mercadorias e não de transporte de doentes.
(Dos jornais)

A pintura com os dizeres Transporte de Doentes estava muito boa.

Estupendo Amor

Do realizador de 4 Casamento e Um Funeral, um filme admirável baseado no romance de Gabriel Garcia Marquez “O Amor em Tempo de Cólera”.
Javier Bardem, esse mesmo o do Óscar, compõe a figura de um homem esmagado por um amor impossível.
Torna-se difícil não simpatizar com ele.
As paisagens maravilhosas e o cuidado extremo posto na produção traduzem-se em duas horas e tal de pura alegria.
Estreia dia 18.
Não perca.

Jornalecos

Há notícias que são uma vergonha.

Fernanda Tadeu, mulher de António Costa, foi à manifestação contra o GovernoUma entre as cem mil vozes indignadas na manifestação de sábado era Fernanda Tadeu, mulher de António Costa, o número dois do PS, que em Junho abandonou o Governo Sócrates para se candidatar à Câmara de Lisboa. Educadora de infância numa escola do concelho de Sintra, Fernanda Tadeu casou com António Costa há cerca de 20 anos. É mãe dos dois filhos do presidente da Câmara de Lisboa, Pedro, de 16 anos, e Catarina, de 14

Uma mulher no pleno uso dos seus direitos, manifesta-se por aquilo em que acredita.
Pois, apenas por ser casada com quem é, não o devia na opinião dos senhores jornalistas, fazer.
Porquê?
Porque "a pergunta que se pode fazer é se isto representa a divisão hoje existente no Partido Socialista, um exemplo de pluralismo familiar, ou, mais cinicamente, se António Costa joga assim em dois tabuleiros e prepara a sua caminhada para S. Bento"

Esta gentinha, ao menos não lê duas vezes o que escreve antes de publicar?

Pouca terra, muito lixo

A modernização da linha ferroviária do Oeste, que liga a Figueira da Foz ao Cacém, é uma das principais compensações que os autarcas da região esperam obter na última ronda de negociações com o Governo, que ontem teve início. O objectivo é que o Governo dote a região de uma moderna via férrea de ligação à capital e com acesso à Gare do Oriente, à linha do Norte e ao novo aeroporto

Dos Jornais

É neste nojo que a CP transporta os passageiros desta infeliz linha.

Boa ideia

Deixar a casa ir abaixo.

É assim que alguns proprietários pressionam inquilinos a abandonar as habitações quando pretendem recuperá-las para obter mais lucros, um tipo de coacção que preocupa a ONU, que alerta para a vulnerabilidade de algumas populações.
A morar há mais de 40 anos no primeiro andar de um edifício no centro de Lisboa, José Vidal, 52 anos, queixa-se à Lusa que o senhorio nunca fez obras de manutenção, para obrigá-lo a deixar a casa e poder alugá-la por uma renda mais alta. «Quando dizemos ao senhorio que a casa está a cair ele manda chamar a Protecção Civil.»
Destak

Vejamos, aos doze anos, muito precoce, alugou uma casa.
Nestes 40 anos esquece-se de dizer na notícia quanto pagava no início e quanto paga agora.
No centro de Lisboa.
Como é que se pode explicar a este senhor que o que ele está a fazer é um roubo legal?

Sucesso!

600 Camionetas, 1200 portagens, 80000 pessoas, 170000 carcaças, duzentos quilos de chouriço, 120000 imperiais, 200000 bicas, 100 embalagens de Modess, alguns namoros, para os maridos que ficaram nas terrinhas um dia cheio de paz.
Um sucesso para a economia portuguesa.

Foi assim a manifestação da FENPROF patrocinada pela CGTP.
Vai haver agora uma semana de luto.
Pela educação que já morreu.

O próximo

Santana Castilho escreve no Público e é um bocadinho monótono.
Fala sempre mal de quem quer que esteja no Ministério da Educação.
Hoje vem mais uma vez lamentar-se.
Que diz ele?

O horário de trabalho dos professores foi drasticamente aumentado.
Escravizaram-se muitos professores, obrigando-os a permanecer nas escolas sem condições nem motivo (a farsa e a desumanidade de muitas "aulas de substituição") e vergaram-se muitos outros a exercícios profissionais próprios de auxiliares ou de amanuenses.
Como contrapartida, reduziram administrativamente os salários
O modelo de avaliação do desempenho que se quer impor é insensato e irresponsável.
É simplesmente insuportável que um estalar de dedos ministeriais ponha à frente dos melhores muitos dos menos preparados, dos menos formados, dos menos experientes, dos menos competentes.

Santana Castilho é um burocrata preocupado com dinheiros, regalias e horários.
Não quer ser, não pode ser um simples auxiliar e não quer ser avaliado.
Mas Santana Castilho está convencido que sabe não só como resolver estes problemas de secretaria como ao mesmo tempo produzir alunos que venham para a rua sabendo qualquer coisinha.
Pode ser que numa próxima crónica nos diga o segredo.

Falhou!

Porque é que falhou a data da abertura?
A resposta é muito simples.
É uma obra pública, ninguém é responsável, as datas são meramente indicativas para embelezar o cartaz e o valor pode não ter nenhuma correspondência com o resultado final.
Neste caso, anunciado com o belo cartaz que se mostra, a obra era majestosa.
Trata-se de meia dúzia de pilares que sustentam uma passagem aérea que aposto, no sítio onde foi construída não vai ter utilidade nenhuma.
Vamos esperar sentados que alguém se digne assinar o papelinho que deve faltar.
Talvez um cheque de alguma comissão.

Tem futuro

A redução do insucesso escolar atingiu no último ano lectivo um valor histórico. Foram mais vinte mil alunos que passaram de ano face aos valores obtidos em 2005/06. Entre os 1 084 800 alunos inscritos no Ensino Básico, dez por cento reprovou ou abandonou os estudos. Uma melhoria face aos 10,6 por cento do ano lectivo anterior e os 15 por cento de insucesso escolar verificados há dez anos.

Dos Jornais


Uma notícia para aplaudirmos de pé.
Dentro de mais dez anos ninguém chumba e depois dentro de mais dez nem sequer é preciso ir à escola para obter o diploma.
É tirado na Internet.

Ontem mesmo um deste alunos apresentou-se no “quem quer ser milionário” e interrogado por aquele senhor que costuma estar no barbeiro e a quem são pedidos conselhos sobre qual o melhor banco português (não acredite no que ele diz) declarou entre duas perguntas que gostava de ser ministro da cultura.

Acha-se muito bem preparado para o lugar até porque está a tirar um curso em belas-artes.
E depois lá se foi arrastando nas perguntas.
Tropeção aqui tropeção acolá lá foi avançando.
Convenhamos que as perguntas não eram fáceis para um ministro da cultura.
Onde fica a ilha de Madagáscar?
Ora o nosso herói não quer ser ministro dos negócios estrangeiros mas felizmente lá se lembrou que fica em frente ao Zimbabwe.

Até que chegou O Problema.
O que significa alcantilado?

Despenhou-se pois julgava que era uma coisa em forma de cantil.
Como dizia Shakespeare ou seria Paulo Bento, a ignorância é muito atrevida.